Sou tantas…

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Não sei quantas pessoas moram em mim. Cada momento sou uma. Sinto-me estranha a cada vez que outra toma o lugar. Sempre me perco, nunca me acho. Quando penso que sou não existo mais… E confundo-me entre tantos eus. Torno-me elas, e não eu.

Não sei onde estou. Devo estar em alguma estrada procurando caminhos que me levam até a mim. Caminhos íngremes, áridos, paisagem inóspita… Tantas pedras, quantas escuridão!

Sou minha própria paisagem. Fico na margem das estradas assistindo minha passagem transbordando interrogações

Galeria

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Hipóteses

luz na escuridão
Choveu à tardinha
e a noite chegou sem
o fulgor do sol.
No escuro uma luz
brilha distante;
ali mora alguém
solitário… ou não.

Mas sei que aquela
luz me atrai… Talvez
porque o distante não
está próximo e suscita
em mim interrogações.

Ali moram pessoas ou
apenas um ser triste…
alegre… livre… aprisionado
em si mesmo… com fomes de
tudo ou sem fome alguma.
Tantas suposições onde uma
luz brilha distante!

Certamente o que está ali é real;
é a vida e seus respiros. O que
vem depois são hipóteses de
uma vida a procura de outras
vidas para significar.

Alda Alves Barbosa

O homem… esse mistério!

interrogação

Acho que ninguém é o que parece ser. Isso me leva a múltiplas perguntas: “A realidade de todos nós é uma grande mentira? A verdade sobre nós é uma inverdade? Mas onde está a verdade e onde reside a mentira? O que somos? Nos inventamos para quem, para quê?” Difícil! Como desvendar um ser tão complexo?”

A mentira está na necessidade de ser admirado pelo outro? Está na rejeição por si mesmo? O “si mesmo” quer apropriar-se de quem? De quê? Será que não nos sentimos nós mesmos? Somos uma liquidez na procura eterna de onde desaguar?

Tantas perguntas atingem o cerne da questão filosófica mais fundamental: “quem sou eu”? “O que me faz ser eu?” Por que sou – se realmente sou. Negar significados para os questionamentos pode ser o significado para quem nega.

Será o homem estes pontos de interrogações ou é ele o silêncio que repousa aprisionado pela dúvida?
O homem… esse mistério!

Alda Alves Barbosa

Caminho pela vida

estrada-de-los-caracoles
Caminho pela vida
impregnada de perguntas.
Pelas estradas vou
(re)vivendo o que já vivi
(sabores, cheiros, amores
desamores, risos, lágrimas),
porque estive no mundo
antes de estar nele.
A estrada é íngreme e sinuosa;
minha alma chora cravada de
interrogações do que um dia
foram certezas.

Eu sou o minha própria estrada,
sou o caminho de minhas esperas!

Alda Alves Barbosa

Noite destronada

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 E a noite chega vagamente, lentamente. Noite rainha, rainha sem trono. Noite silente com estrelas reluzentes em tua roupagem. Roupa de noite.

Vem noite, vem sozinha. Traz em tuas mãos o nada! Preciso de pouco para viver, para morrer. Viver na noite, morrer no dia? Estranha vida a minha. Vida ao avesso. Avesso de quê? de quem? Interrogações em demasia. Respostas poucas ou nenhuma. Não penso nas perguntas; não penso nas respostas. Não pensar é abraçar tudo intimamente. É ver a alma inteira transbordando de nada.

Amo as noites por serem tristes e silenciosas!

Alda Alves Barbosa