Meus sonhos… Onde estão?

Filtro dos sonhos (7)

Onde estão os meus sonhos?
Entre alguma árvore desnuda?
Nas folhas pálidas arrastadas
pela brisa? Na paisagem que
canta a tristeza ao mais leve contato?

Meus sonhos morreram
despidos de significados
no canto triste da minh’alma
doída…Como folhas pálidas!

Alda Alves Barbosa

Alheamento

Quando-estiveres-sozinho
Reside em mim uma inadequação entre o que me pertence e o que sou. Sinto que sou sem a necessidade de estar atrelada aos pertencimentos. Desnecessários são os laços? Viver com o absurdo do só, fenecer com a vacuidade do só!…

Nada parece real. O dia deixa meu coração agitado; fico alheia a mim, fico alheia ao mundo! Estranho mundo… A vida esvoaça, nada mora em mim, me desconcebo. À noite, – grandes horas – concebo-me, pertenço-me. Minha alma acende e torno-me eles, com laços e nós.

Na noite eu sou o que nasce de mim!

Alda Alves Barbosa

Para você…

corações
Mãe,
você se foi como as águas grandes
das enchentes do nosso Rio Preto.
Seu corpo, a terra abraçou
sua alma esvaiu, voou com o vento.

Você se foi,
Mãe
Se distanciou…
Meu coração ficou faminto,
silente, abandonado com o
vazio de sua ausência e,
meu ser, órfão podado de
caminhos que me levavam até você.

Você se foi…
Embrenhou-se nas profundezas da terra
nas alturas do voo… Meus acenos foram
vãos, inúteis… E vi sua terra lhe envolvendo
em abraços… E vi o sol brilhando nos teus cabelos

Mãêêê..

Alda Alves Barbosa

Luares tristonhos

79828031

Ah, luares tristonhos
que despertam meus sonhos
sonhos adormecidos na
minha alma fria…
No meu olhar
um lago sombrio
águas quietas a murmurejarem
despertando com o luzir da lua
meus sonhos que já estão a boiar
no lago sombrio de águas quietas.
E as estrelas chamam o dia e
eu tento segurar a noite no
sepulcro dos meus sonhos
ao pé do lago sombrio,
ao pé do lago murmurante.

Alda Alves Barbosa – Fotografia: Eduardo Revoredo