Quem?

eu-sou-eu-mesmo
Ah se eu não me escrevesse
O que seria do meu avesso?
Quem sabe onde é o avesso
de si mesmo? Minha alma é
o meu avesso? Dentro de mim
reside o que sou… O que está fora
de mim não sou eu…
Deixo-me inventar. Meu olhar diz
ao outro o que ele pensa ser eu… Pensa…
Como saber de mim se estou sempre a
mudar de mim? se estou sempre indo e
sempre retornando a lugar nenhum?
Inventam-me… Invento-me…
Sou… quem?

Alda Alves Barbosa

Noite destronada

fumaça 02

 E a noite chega vagamente, lentamente. Noite rainha, rainha sem trono. Noite silente com estrelas reluzentes em tua roupagem. Roupa de noite.

Vem noite, vem sozinha. Traz em tuas mãos o nada! Preciso de pouco para viver, para morrer. Viver na noite, morrer no dia? Estranha vida a minha. Vida ao avesso. Avesso de quê? de quem? Interrogações em demasia. Respostas poucas ou nenhuma. Não penso nas perguntas; não penso nas respostas. Não pensar é abraçar tudo intimamente. É ver a alma inteira transbordando de nada.

Amo as noites por serem tristes e silenciosas!

Alda Alves Barbosa