O meu sono não tem a palidez do instante. Ele é intenso, terno, colorido como o tempo que antecede os sepultamentos.
Os sonhos não passam por mim. Durmo sem os obstáculos do inconsciente e do ontem vivido. E como tenho fomes de sono, pouco tempo me sobra para sonhar. Creio que os sonhos passam por mim como as nuvens nos céus. Passam!
Entre o acordar e o dormir novamente há um intervalo angustiante de sonolência. Um tédio… uma tristeza de estar entediado de mim… do que sou… Uma permanência nua, um contato íntimo com um vácuo imenso… fragmentos do meu ser espalhados dentro e fora de mim.
Algo permanece: o sono. Durmo. Só regresso à vida quando a noite desce e o mundo dorme!
Alda Alves Barbosa