Domingo…

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Amanhecendo… o domingo vai preguiçosamente despertando! Um ruído aqui, outro ali… tudo insuportavelmente devagar…O domingo quer continuar domingo, quer dormir – Não deseja acordar porque a vida está dormindo… A vida de todos dorme! Mas ele precisa despertar. O planeta está girando… o pião gigante gira, gira, gira, gira e ele acompanha essa pressa sem pressa. Ele pertence ao mundo dos rodopios rápidos, das ânsias dos vômitos, dos cansaços, dos vazios…Com o voo do tempo os domingos passam … as pessoas acordam…e dormem… e acordam…para novamente dormirem.

Sem o sono, sem a preguiça, o domingo não é!

O sono que cai sobre mim

0a243622ffd2b4a07d476a0b7985a758 Pelas frestas das janelas dei conta que já era quase noite. Dentro de casa a luz apagada dava um ar lúgubre, sombrio. A cama em desalinho; livros e remédios disputavam espaço dentro da bagunça. Um gato em seu eterno sono há dias parara de ronronar. Nunca me lembro de colocar as pilhas. TV ligada há dias ininterruptamente – vozes que não escuto e imagens que não vejo. No corredor o silêncio do abandono. Na floreira flores murcham e despetalam. Em um canto as margaridas brancas e por isso virgens, mudam de cor… Perderam a virgindade!

Em cima da mesa uma jarra aguardava a pureza das margaridas para enfeitar a vida dos amanhãs. Em meio ao caos fecho os olhos.

Não espero nada, não espero ninguém. A eternidade é o sono que cai sobre mim!

Sonho? Realidade?… Amanhã saberei!

Sonolência

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O meu sono não tem a palidez do instante. Ele é intenso, terno, colorido como o tempo que antecede os sepultamentos.
Os sonhos não passam por mim. Durmo sem os obstáculos do inconsciente e do ontem vivido. E como tenho fomes de sono, pouco tempo me sobra para sonhar. Creio que os sonhos passam por mim como as nuvens nos céus. Passam!
Entre o acordar e o dormir novamente há um intervalo angustiante de sonolência. Um tédio… uma tristeza de estar entediado de mim… do que sou… Uma permanência nua, um contato íntimo com um vácuo imenso… fragmentos do meu ser espalhados dentro e fora de mim.
Algo permanece: o sono. Durmo. Só regresso à vida quando a noite desce e o mundo dorme!

Alda Alves Barbosa