Deixai passar pela tarde quente
Minha poesia suplicante
Que ergue os braços rumo aos céus
A pedir clemência pelo sertão
De ramos amontoados.
Vede o sol causticante
Poucas flores quase liquidas
A derramar densas lágrimas
No cozido chão transformado
Em pedra.
Deixai passar o funeral
De árvores e flores,
A escorregar lentamente
Pelos caminhos de espinhos
Secos, sepulcrais…frágeis
ramos de vida!
Deixai passar minha poesia
Canto lúgubre de indignação,
Cantar oco, sonolento
Ecoa nos campos do
Desamparo,
Das solidões,
Dos perfumes exaustos
Das seivas trazidas dos
Caos.
Alda Alves Barbosa