Foi…

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Gosto de tudo que já passou
Tudo que aconteceu… e porque
já aconteceu não acontecerá mais
É passado.
E por ser passado eu conheço
Porque já o vivi e por isso
não me assusta mais.
O próximo instante é desconhecido
Amanhã é o desconhecido…
Ontens… Como eu o conheço!…
Foi há décadas… foi há vinte e
quatro horas… foi há um segundo…

Alda Alves Barbosa

Na paz da noite

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Na paz da noite cheia de passado, há uma lei que manda no meu sentir. Um quê de saudade nostálgica que insiste que eu retroceda os meus passos… E chego à vida que vivi. Vivi tanto em poucos segundos! Vivi tanto! Tenho a idade da intensidade com que vivi cada tempo. Isso define o porquê do cansaço da vida que vivi!

E por ter vivido tão intensamente, instalou-se em mim um deserto imenso, não de emoção, mas de busca de um fim. Vivi tudo? E se houver mais estradas a percorrer? Meu corpo antigo, cansado de tanta vida, resistirá? E os sonhos não concretizados? São apenas sonhos não concretizados?

Tenho a vaga impressão que estou desejando uma vida infinita; uma ilusão de viver uma juventude sem fim, na paz da noite, cheia de passado!

Alda Alves Barbosa

Dúvidas

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Não sinto que vivi o ontem.  Acho que alguém o viveu por mim. Não me lembro de tê-lo vivido ou não desejo lembrar-me. Que isso importa? O ontem já foi vivido por mim, por alguém ou por ninguém. Passou.

Hoje já é tarde. Um torpor ronda meu cérebro. As portas, as janelas continuam trancadas. A seiva da vida parece escorrer para fora de min. A ausência de luz me presenteia com uma passagem para uma caverna (de Platão?). Assim é o meu sentir. Nada existe fora dali: nem mortes, nem vidas. Tudo é ausência; nada sinto, nada sei, nada desejo! Um dia vivi, um dia tive sonhos… Um dia. Agora espero a última viagem.

Um fio de luz adentra a caverna. Sigo-o. Abro a porta. Lá fora, o barulho da vida… As pessoas vão e vêm. Por algum tempo fico a observa-las. A realidade está ali, neste vaivém, nesta indas e vindas, ou apenas nas idas… sem retornos!

Alda Alves Barbosa