

Este é o o modelo de horta mandala, onde os canteiros estão dispostos em círculos e não em linhas retas. Plantam-se verduras, legumes, cereais, frutas, ervas aromáticas, medicinais e flores. Diversidades de plantas atraem diversidades de insetos que polinizam e se autocontrolam. Caminhos devidamente projetados facilitam o manejo, a irrigação e a colheita. Fertilizantes orgânicos repõem os nutrientes e a cobertura morta mantém a umidade e protege sua maior riqueza: o solo.
A Horta mandala tem diversas vantagens, pois permite o aproveitamento máximo da água e da terra, tem custos de produção menores que os da irrigação tradicional e permite usar áreas bem pequenas. Ela é, portanto, ideal para a agricultura familiar.
Princípios para trabalhar com a Horta Mandala
1. Plantar o máximo que puder, utilizando o menor espaço;
2. Usar o mínimo de energia, para a máxima produção;
3. Promover o envolvimento de toda a comunidade;
4. Nada se perde, tudo se aproveita;
5. Trabalhar com a natureza e não contra ela.
Quem vê pela primeira vez acha a ideia um pouco estranha. Ao invés de uma plantação tradicional, os canteiros são circulares, formados ao redor de uma fonte d’água. O termo mandala vem do sânscrito e significa “sagrado” ou “círculo mágico”. O símbolo vem da antiguidade e representa a relação do homem com o universo ou ainda os planetas ao redor do sol.
Trata-se de um jardim de círculos concêntricos que respeitam a agricultura ecológica. Um dos seus princípios é: copie o desenho da natureza. Como nela tudo é arredondado, os canteiros retos foram reformulados. Numa mandala trabalham-se os conceitos em que as plantas têm preferências e escolhem as companheiras com as quais se dão bem, o que lhes permite ajudarem-se em defesa contra os insetos e doenças e aproveitarem melhor os nutrientes contidos no solo. Os plantios circulares, diferentes dos desenvolvidos pela agricultura convencional, permitem às plantas se ajudarem mutuamente, trabalha-se os conceitos de cortinas quebra ventos, de plantas repelentes a insetos, de plantas melíferas e uma série de segredos que a natureza nos ensina e que também colaboram com a recuperação da biodiversidade e o controle ecológico de insetos pragas assim como de doenças e plantas invasoras.
Hortas de formato circular ainda não são muito comuns, embora a idéia de fazê-las assim tenha mais de 30 anos. Ganhou atenção na década de 1970, com o movimento de permacultura, criado pelo ambientalista Bill Mollison, na Austrália. Ele preconizava outra forma de dispor as espécies vegetais, mais de acordo com o ecossistema.
O sistema mandala vem revolucionando a vida de agricultores familiares. A nova forma de cultivo faz parte da vida de mais de três mil pessoas que vivem em 50 cidades de 12 estados brasileiros. Com a crescente preocupação envolvendo a natureza, esse conceito adquire fôlego novo e se espalha entre os agrônomos. Esse tipo de horta economiza água, trabalha com a diversidade de plantas, aproveita melhor o espaço, usa apenas fertilizantes orgânicos e poupa o solo. Além disso, horta pode ser um meio de complementação da renda familiar. Pode-se ter um tanque de irrigação no centro. Por meio de linhas de drenagem, a água escorre para o meio e é recaptada para o sistema.
A mistura de espécies tem um papel fundamental. Quanto maior a diversidade delas, maior o equilíbrio ambiental e menor o índice de pragas e a necessidade de intervenção. Para isso, é necessário observar o que dá e o que não dá na região. Há plantas companheiras e outras que não se toleram. A rotatividade de plantas contribui para a saúde do solo. Cada espécie precisa mais de um determinado nutriente. Se plantarmos sempre a mesma coisa, logo o solo vai se esgotar nesse nutriente. Se alternarmos espécies, ele permanece rico. O sistema tem até nove círculos concêntricos de dois metros de largura. Os três primeiros círculos servem ao plantio de hortaliças. Os próximos cinco, para culturas diversas. E o último canteiro serve à proteção ambiental, podendo receber plantas nativas, medicinais ou frutíferas.
A horta mandala prevê ainda a inclusão de animais. Se for construído um tanque de água no centro, é possível introduzir peixes e galinhas em cercados ao redor. Dos animais, utiliza-se o esterco como fertilizante. E o ciclo de sustentabilidade continua seu caminho.

Modelo de Mandala
Sistema sugerido pela Agência Mandalla
Com custo de 1.250 reais esta mandala deve ser implantada em área de 2,5 mil metros quadrados, podendo ser feita em dois dias. Não é necessário construir todos círculos de uma vez. Trabalhe o primeiro até estar todo cultivado e aí prossiga ao segundo até chegar ao último. As quantidades de materiais para a construção variam segundo o diâmetro das esferas. A primeira tem 31,4 metros de mangueira e a última, 131 metros.
Material
Para montar o reservatório e o sistema de distribuição de água são necessários:
• 6 sacos de cimento
• 36 sacos de areia
• 40 metros de tela de galinheiro fio 22 de 1,45 metro de largura
• 30 metros quadrados de tijolo
• 1 litro de cola branca comum
• 1 bomba submersa de dois mil litros/hora com saída 3/4 (33 milímetros)
• 1,8 metro de mangueira 3/4 (33 milímetros)
• 5 metros de arame número 18
• 1 sistema aranha, com seis saídas, entrada de 3/4 e rosca interna
• 1 adaptador 3/4 de polegada
• 6 caibros de quatro metros
• 1 metro de ferro de cinco milímetros de espessura
• 6 mangueiras de 32 milímetros, com 22 metros cada
Para fazer os canteiros são necessários:
• 726 metros de mangueira de 16 milímetros
• 54 junções em Y de 16 milímetros cada
• 54 válvulas cilíndricas de 16 milímetros cada
• 12 caixas de cotonete com 75 unidades cada
• 365 piquetes de madeira de 50 centímetros de comprimento
• 1 metro de arame número 18
Montagem
1º passo: Para construir o reservatório, crave no centro do terreno uma estaca de 50 centímetros e amarre a ela uma corda de três metros. Na outra ponta, coloque um pedaço de madeira e trace um círculo. Escave essa área demarcada como se fosse um funil. O centro deve ter 1,85 metro de profundidade e uma “cuia” onde será colocada a bomba submersa.
2º passo: Na borda do reservatório, faça calçada de 50 centímetros de largura por um metro de altura, colocando uma fileira de tijolos para dar suporte ao vértice de sustentação da bomba.
3º passo: Coloque a tela de galinheiro nas paredes do reservatório, preocupando-se em trançar cada peça. Para prendê-la, use arame farpado. Prepare argamassa com um saco de cimento e seis de areia, rebocando todo o buraco, a borda e a calçada. Após secar o cimento, impermeabilize tudo com cola branca. Espere secar e encha o depósito com água.
4º passo: Faça em cada caibro um furo a cinco centímetros de uma das pontas. Pegue o ferro de cinco milímetros e passe-o pelos buracos, unindo as peças de madeira. A estrutura ficará em formato de pirâmide e deve ser apoiada na borda do reservatório. Coloque no topo o sistema aranha. Embaixo, a um palmo da água, coloque uma isca luminosa. Ela atrairá insetos que servirão de alimento para os animais criados no reservatório.
5º passo: Coloque a bomba submersa no fundo do reservatório. Ela deve ser conectada ao sistema aranha com o pedaço de 1,8 metro de mangueira 3/4 e o adaptador de 3/4 de polegada. Para a instalação elétrica, siga atentamente as instruções do fabricante. Nas seis pernas da aranha fixe as mangueiras de 32 milímetros, que serão linhas mestras por onde a água passará até chegar aos canteiros.

6º passo: Em cada canteiro insira uma junção em Y nas linhas mestras. Ponha válvulas em uma ponta da peça. Nas outras duas coloque as mangueiras dos círculos, que devem ser presas com arame nos piquetes de madeira.
7º passo: A distribuição da água nos canteiros é feita por microaspersores. Para fazê-los, pegue os cotonetes, coloque-os de molho na água e tire o algodão das hastes. Aqueça uma das pontas e aperte com o alicate. Pelo outro lado, insira um pedaço de arame. Faça pequeno corte transversal na haste até tocar o arame, retirando-o em seguida. Fure a mangueira e instale o microaspersor. Não coloque mais de 28 cotonetes por canteiro para não sobrecarregar o sistema.
8º passo: A água também pode chegar às plantas por gotejadores. Faça um furo no meio de uma tampa de garrafa PET para passar um cotonete com pedaço de cinco centímetros de arame. Faça uma curva na ponta do fio que ficará do lado de fora da garrafa. Feche a tampa. Monte tripé com gravetos para dar suporte ao vasilhame. Corte o fundo da garrafa.
Galeria:










Por Lucian Grillo
Referências:
http://maonaterra.blogspot.com.br
Clique para acessar o producao%20de%20hortalicas%20em%20mandalas.pdf
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