Fomes… Sedes…

noite
Às vezes durmo na madrugada
E acordo após alguns instantes de sono
Levanto-me sonolenta
Sinto fomes… Sinto sedes…
Na geladeira sacio minha fome,
Sacio minha sede.
Na geladeira não há fatias
De sonhos, não há sucos de vida
Tenho fome… tenho sede…
Em mim um coração oco
Em mim um olhar enevoado…
A palavra vida fica retida na garganta.

Alda Alves Barbosa

Meus sonhos… Onde estão?

Filtro dos sonhos (7)

Onde estão os meus sonhos?
Entre alguma árvore desnuda?
Nas folhas pálidas arrastadas
pela brisa? Na paisagem que
canta a tristeza ao mais leve contato?

Meus sonhos morreram
despidos de significados
no canto triste da minh’alma
doída…Como folhas pálidas!

Alda Alves Barbosa

Longe o luar… Longe os sonhos…

2132531 Olga Czerwińska
Longe o luar… Longe o rio… Longe os sonhos… Perto as ausências e uma mágoa de não sei o quê; talvez mágoa das desesperanças, do vazio preenchido por escombros vividos nos ontens longínquos ou nos sofridos ontens tão próximos!

Uma ária sonolenta ecoa do espigão. O passado mora ali. Os passados moram ali. Em sonhos estou ali a lavar lençóis de mágoas nas pedras dos corações.

Fios d’água atravessam as distâncias, chegam aos meus olhos e deságuam como rios vincando meu rosto já pálido como a lua. E sonho. Sonho de vida iludida, morada de escombros.

Preciso da ilusão para viver… morrendo!

Alda Alves Barbosa

Burburinho

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A noite é escura, mas eu não a sinto assim, escura; eu a sinto cheia, clara, silenciosa, solitariamente poética. Solitária, sim… poética, sim… Um convite à observação, ao encontro com os sonhos. Sonhos que sonho acordada para viver a esperança. Esperança de quê? Sei lá… Pra que saber, se o que importa é que eu tenha esperanças para que o sentido de minha vida seja inventado. O sentido da vida é mutável. Hoje eu desejo viver por nada… Amanhã eu desejo continuar vivendo porque preciso percorrer estradas… pra chegar onde? Viver não precisa de chegadas nem partidas; estamos sempre em processo de ir…

E assim vou renovando os sentidos, as necessidades de tecer laços de fitas para presentear os significados que dou ao meu viver. Não será esta tessitura um sentido da vida?

Preciso dormir… Preciso de sossego para morrer por algumas horas. Como abraçar os sonhos em meio a tanto burburinho? Ó dia, preciso dormir para ressuscitar no crepúsculo! E imploro ao Senhor para que me dê essa lua e empreste-me as estrelas… Preciso viver… a poesia!

Alda Alves Barbosa

Namorados… Namoridos

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[…] e corra para os braços de quem deseja o aconchego e a ternura do seu olhar! Permita-se vivenciar o sonho de construir pontes, atravessar horizontes ao encontro de si – ao encontro do outro. Ambos com corações famintos!
Feliz dia dos namorados! Será tudo poesia? Que seja… Alimente-se de poesias… Presenteie com poesias… Viva com amor…Amor… chama poética!

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Tardes

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Em mim reside uma tarde.
Fora de mim, outra tarde
incendeia o céu – Fogo ardente,
labaredas chamejantes- fios reluzentes
colorindo as saias rodadas no requebro
da quase noite.

A outra tarde nasce de sentimentos,
isto porque nem só de nuvens se tece
um entardecer. Quantas tardes nasceram
sem que eu percebesse… Muitos passos
acesos indo ao encontro da noite… e sonham
constelações de sonhos! E eu soterrada na
eterna escuridão , nada vi.

Lá fora, como dentro de mim
a tarde se divide em ramos de esperanças.
Tarde que entra pela fresta da janela ferida e
réstias de luz vão invadindo o quarto.

A noite logo chegará… Eu já sou noite faz tanto tempo!

Alda Alves Barbosa

Sepultamento das Amélias e Cinderelas – Dia Internacional da Mulher

Bailarina

E as Amélias e Cinderelas estão morrendo! Mortes e sepultamentos necessários. A vida real nos chama… A realidade nos mostra seu rosto despertando em nós uma necessidade de cuidarmos de nós mesmas. Cuidar de nós mesmas significa fazer nossas escolhas, trilhar caminhos escolhidos por nós, chegando onde desejamos chegar.

Estas atitudes nos tira da condição de exiladas, de incapazes… Sim, incapazes! Um sentimento destrutivo, uma tempestade sombria de transferência de responsabilidades nossas para o outro. E nos perdemos… O outro nos tem. Ele passa a abrigar nossos sonhos, nosso eu!… E não nos devolve mais a nós mesmas. Fomos sepultadas no outro!

Amélias e cinderelas ainda é a grande maioria. As Amélias cuidam do outro(s); as Cinderelas esperam alguém que cuide delas. Mas aos poucos elas estão morrendo… Afinal, destruir séculos de servidão não se faz de um dia para o outro.

Sigamos em frente…” Pintora pegue o pincel… pinte. Bailarina, vista sua malha, amarre fitas no cabelo, na cintura ou nos tornozelos e … dance!” Poetas, escritoras, sejam férteis… escreva. Mãe, respire profundamente e vá à luta… ensine seu filho a arte de viver. Esposa, seja mulher, mas seja independente, “casamento não é batido a prego” – Ditado popular.

Dancemos todas! Marias, Joanas, não importa o nome… Exerçamos nossa arte, seja ela qual for… “O que está em movimento não se congela!”

Sigamos em frente!

Alda Alves Barbosa

Inventando mundos

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Entardecendo e eu aqui deitado ocupando um pequeno espaço da cama.Livros… livros… canetas (coisa antiga) e papéis ocupam o espaço maior; são meus companheiros de todos os instantes.

Acordei para viver a mesma vida dos ontens. Acordei e o verão já está quase apagando. O sol, luz irradiante, dará lugar ao outono sombrio. Poucas árvores e pequenos tapetes de folhas amarelecidas… Tenho um tapete para sonhar! Sim, sonhar… Para mim a noite foi tecida para os sonhos. Sonhos profundos e inúteis que não passarão de devaneios inúteis. Passei dias embrulhado nos sonhos! Janelas fechadas, mas sentindo o perfume e o silêncio da noite.

Hora de emergir, de arrumar as prateleiras e organizar meus espaços. Hora de abraçar um raio de luar, de procurar estradas levando nas mãos a caneta, o lápis, folhas de papel e inventar mundos. Ou sonhar mundos?

Assim é minha vida… assim são minhas mortes… e é assim que eu ressuscito.

Alda Alves Barbosa

Quero sonhar

419610_229344803823582_1783849597_nAndo precisando sonhar. Retirar meus pés nus fincados no chão e, num impulso, irromper as barreiras dos sonhos. .Ando precisando sonhar; sonhar com os amanhãs ardentes, chama fugaz de uma vida que está preste a dormir… eternamente.

Sim, quero sonhar sonhos doces com o amanhã que talvez nem exista. Quero sonhar… não sonhos pequenos, poucos, mas um sonhar grande, um feixe deles. Quero-os enlaçados por fios cintilantes e laços sem nós, para que eu possa desatá-los e devanear sob um céu cheio de estrelas. E sonharei com poemas de amor; desnudarei minha dor que tua ausência deixou em mim.

Ausências são sombras… sombras tuas que impedem meu sonhar.

Hoje estou assim… assim… Amanhã reinvento-me!

Alda Alves Barbosa