Numa tarde sonolenta

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O livro descansava no meu colo. Nenhuma página virada. Pasmaceira dos dias quentes, lentos e tristes. Aguardo quieta a chegada da noite. Ela chega nas sombras desiguais, ardente, infinda. E eu penso em ti, em mim… pasmaceira do cansaço, envolta em teus braços à espera da noite com seus luares tristonhos.

Alda Alves Barbosa

Sombras

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Acordei quando a tarde estava morrendo. Despi-me do véu, e o mundo descortinou-se diante do meu olhar. Descortinou-se? Não, apenas alguns farrapos de luz adentraram em meio às sombras que se erguiam.

E eu me abracei às sombras. Elas me ajudam na criação de vidas… . seres inteiros , seres metades. Invento o viver e o morrer… Invento vidas para que eu continue respirando. Criação eterna sem o selo da eternidade! Talvez seja apenas uma forma de aguardar o fim sem a angústia da espera!

Invento vidas para eu viver… Viver nas sombras para entregar-me à brandura, à rendição do faz-de-conta! Exíguos fantasmas! Joguetes das minhas vontades, dos meus quereres!

E da minha vida, o que fiz com ela? Sonhei demais… Sonhei de menos? Tudo ficou apenas em sonhos? Isto quer dizer que percorri estradas que não me levaram a lugar nenhum? Fui fiel ao nada!
Alvoreceu… As sombras se diluíram. Dentro de mim um desconfortável sentimento de abandono! Chegou o momento de morrer para ressuscitar quando as sombras retornarem!

… E criarei mais vidas!

Alda Alves Barbosa

Horas escuras

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Nas horas escuras a insônia é profunda como um novo universo harmonioso; e minha mente fica leve, clara, como se fosse um fio de água doce que vai abrindo passagem entre os espigões.E eu esqueço o ócio do dia e movimento-me entre as sombras e os ruídos desse novo mundo.

Deleito-me no jogo lúgubre nas sombras onde habitam fantasmas… e anjos?

Deleito-me cheia de nada, a noite é tudo.

Meu coração fala na mudez dos lábios, repetindo o gozo das frases néscias.

Ali, entre as sombras nada existe… Há sim, o pensamento tecendo sonhos!

Alda Alves Barbosa

Quero sonhar

419610_229344803823582_1783849597_nAndo precisando sonhar. Retirar meus pés nus fincados no chão e, num impulso, irromper as barreiras dos sonhos. .Ando precisando sonhar; sonhar com os amanhãs ardentes, chama fugaz de uma vida que está preste a dormir… eternamente.

Sim, quero sonhar sonhos doces com o amanhã que talvez nem exista. Quero sonhar… não sonhos pequenos, poucos, mas um sonhar grande, um feixe deles. Quero-os enlaçados por fios cintilantes e laços sem nós, para que eu possa desatá-los e devanear sob um céu cheio de estrelas. E sonharei com poemas de amor; desnudarei minha dor que tua ausência deixou em mim.

Ausências são sombras… sombras tuas que impedem meu sonhar.

Hoje estou assim… assim… Amanhã reinvento-me!

Alda Alves Barbosa