Estilhaços

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Há solidão no amor;
se amo, amo para poder
amar a mim mesma;
amo para ser menos só
para alcançar-me e
oferecer ao outro a
ilusão de que contamos
com nossa mútua companhia.
Amo você, você me ama…
e assim temos um ao outro…

Uma troca triste… estilhaços humanos –

Alda Alves Barbosa

Apesar de te amar

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Quero dizer-te que te
amo muito, muito…
Sei que isso é pouco
ou quase nada,
apenas um pedaço do
meu mundo, um pouco
de minha alma que deseja
ficar junto de ti
sem corromper a silêncio
sem interromper a solidão
sem dividir os eus.

Porque sempre seremos um
apesar de te amar tanto, tanto…

Alda Alves Barbosa

Existir só

10411889_773435122701113_6616902449299537317_n Já não sinto a agonia muda e funda de existir só. Não que o estar apenas comigo me trouxesse algum dia uma ínfima dor ou sequer um pequeno sentimento de abandono. Não, isso não. Com ou sem amor sinto-me só. Mas não posso negar que a agonia pela ausência de alguém em minha vida existiu. Penso que talvez seja pelo fato de que – na época – sentia-me na obrigação religiosa de crescer e multiplicar. Instalou-se em mim uma guerra entre o ter ou não ter alguém; obedecer ou desobedecer… Optei pelo não. Acho, não tenho certeza, que não acredito no amor. E essa incerteza vem somar ao horror que eu sinto de abrir meu ser a alguém. Tenho horror que alguém perscrute qualquer cantinho do meu existir.

É bom abandonar-me em braços nus, fortes… É ótima essa nudez física – corpos nus entrelaçados… Mas a nudez espiritual é profana; é violar a minha essência, a minha alma. Esse despir do meu ser para o outro me angustia, gela-me o coração.

É doce amar? Não sei… E por isso estou só sem sentir-me só e sem ser solidão. Apenas um medo estranho do outro me arrancando de mim.

Alda Alves Barbosa

Cadeiras Vazias

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Cadeiras vazias
Numa sala vazia
Esperam almas para
Preencher o frio de quem
Sobreviveu as desesperanças.

Cadeiras vazias
Numa sala vazia
Aguardam figuras sonhadas e 
Um raio de sol para aquecer o
Corpo frio da solidão.

Cadeiras vazias
Numa sala vazia
Esperam os gritos da vida
Que podem vir de algum lugar
Ou de lugar nenhum.

Silêncio da vida…
Da minha vida?
Das minhas vidas?

Tantos sentimentos 
Na sala vazia
Com cadeiras vazias
Tecendo esperas.

Alda Alves Barbosa