Vida… Vida… Vida…

Relógio-de-parede-antigo
E na noite escura, o passar das horas marcadas pelo relógio. Monotonia do tempo que passa sem que eu consiga detê-la… Monotonia das repetições do dia-a-dia… Máscaras sobrepostas… O mundo girando;a banalidade devorando meu rosto; a angústia de sentir o tempo passar… o fim chegando!

Adiei tantos hojes para os amanhãs! Morei em meu corpo abraçada à minha alma… Fugi de mim e queimei-me em inúmeras fogueiras de sóis;fúria do vento incendiando a vida, transcendendo limites…

Ah, emoções, incontáveis desilusões! Vida… Vida… Vida…

Alda Alves Barbosa

Imaginário

03_dezporcento
Frase de Manoel de Barros

Tarde chuvosa. Quero crer que dormi demais porque chovia. A natureza chorou para que eu pudesse descansar do mundo dos vivos. Muita pretensão! Não importa. Morri e ressuscitei. Ressuscitei? Acho que sim. Tenho o DNA da imaginação e por isso viajo pelas mãos dela. Todos os sentimentos que tive e tenho foram direcionados pelo imaginário.

E por isso tenho à minha mão todas as janelas que necessito: choro, rio, amo, desamo, morro, ressuscito… tudo obra do imaginar! Janelas benditas, malditas, mas janelas necessárias para que os relâmpagos risquem os céus, os trovões ecoem pelas montanhas, o céu chore lágrimas que eu não pude chorar! Janelas necessárias para que o vento passe e eu possa ir com ele para mundos desconhecidos… Janelas necessárias para que vá a procura da vida! Às vezes eu a perco! Mas tenho todas as janelas abertas para ir à sua procura .

Nem sempre a encontro. Deixo-a em paz. Sei que ela está necessitando desse afastamento para que seus sentidos, quase sempre em ebulição, descansem dessa energia que pulsa numa inquietação aterradora. Cavalgada alada!

Mas sinto falta dela… Horas longe da vida… dias que vivo sem ela são dias vazios, ocos, entardecidos. Perder-me de minha vida é perder a razão “de ser.” E por que desejo estar viva procuro-a nas asas dos sóis, das luas, nas noites mal iluminadas.

E encontro-a… para depois perdê-la!

Alda Alves Barbosa

Entre sóis e luas

Ó doce Unaí,
minha terra,
minha poeira,
meu poema!
Luz causticante
do dia; na noite
a beleza inteira
ou beleza metade
da brilhante lua.

Unaí das bocas de fornos,
bolos campineiros, bifes
acebolados, empadinhas
deliciosas, frangos cheios,
do arroz amarelo, da carne
seca, do pão de queijo e
doce de ovos…

Unaí da rua grande, da rua
do meio, da minha enamorada rua,
do beco de Ursulino e de Oscar Rangel.
Unaí dos puxa-facas,
mulheres de vida fácil
vida fácil tão difícil!

Unaí do Rio Preto, Rio Roncador,
das cachoeiras, dos córregos
e ribeirões; terra das grutas
e da Pedra do Canto.

Ó minha doce Unaí
saudade do seu cantar!

Alda Alves Barbosa

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