Apesar de intenso…

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E em silêncio eu amava… Amava intensamente muitas… tantas… muitas! Amava com prazo de validade. Meu amor poderia durar até o outro amanhã ou até a próxima hora… Nenhum amor ficou para presenciar o nascimento dos vincos em meu rosto; nenhum amor ficou para ver os rios de águas azuis desaguando em minhas mãos; nenhum amor ficou para me desamar.

Hoje procurei vidas pelos cantos de minha vida. Não ouvi nenhum choro,nenhum riso… O espelho, amarelecido por décadas de inércia refletia com dificuldades um rosto duro, um olhar raso, muitas ranhuras pelo corpo molemente descolorido, miserável… Ali residia um corpo sem vida, coberto de tempo!

Alda Alves Barbosa

O sono que cai sobre mim

0a243622ffd2b4a07d476a0b7985a758 Pelas frestas das janelas dei conta que já era quase noite. Dentro de casa a luz apagada dava um ar lúgubre, sombrio. A cama em desalinho; livros e remédios disputavam espaço dentro da bagunça. Um gato em seu eterno sono há dias parara de ronronar. Nunca me lembro de colocar as pilhas. TV ligada há dias ininterruptamente – vozes que não escuto e imagens que não vejo. No corredor o silêncio do abandono. Na floreira flores murcham e despetalam. Em um canto as margaridas brancas e por isso virgens, mudam de cor… Perderam a virgindade!

Em cima da mesa uma jarra aguardava a pureza das margaridas para enfeitar a vida dos amanhãs. Em meio ao caos fecho os olhos.

Não espero nada, não espero ninguém. A eternidade é o sono que cai sobre mim!

Sonho? Realidade?… Amanhã saberei!

Apesar de te amar

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Quero dizer-te que te
amo muito, muito…
Sei que isso é pouco
ou quase nada,
apenas um pedaço do
meu mundo, um pouco
de minha alma que deseja
ficar junto de ti
sem corromper a silêncio
sem interromper a solidão
sem dividir os eus.

Porque sempre seremos um
apesar de te amar tanto, tanto…

Alda Alves Barbosa

Chuva Interior

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Era meados de outubro e só conseguia pensar no silêncio e em silêncio.
Guardou o sentimento inominável na caixinha pequena dentro da gaveta, virou as costas e prosseguiu.
Tudo que queria era um final de tarde inteiro repleto de chuva. Isso certamente amenizaria suas oscilações mentais. A água despencada do céu amando a natureza…Precisava urgentemente desaguar com ela, amar a terra e escorrer abraçando tudo que é efêmero.
Foi questão de segundos e a emoção seria proporcionada por aquele pedacinho de instante onde as gotas caídas lá fora bailavam em sincronia com o que corroía por dentro.
Por mais breve que fosse era seu o instante, só seu. Os reencantamentos não acontecem todos os dias, mas deveriam. Enquanto o que deveria não é realidade, é tempo de apegar-se aos instantes mágicos e fugir dos grilhões.
Voltou até a caixinha e a abriu. Poderia não jogar o conteúdo mas o assumia enfim. Mesmo que para si. Assumir sempre vale a pena. Assumir as contas, os riscos, assumir você mesmo e não viver de simbologias ou quase palavras.
Sem convites se jogaria facilmente nos seus delírios… Sem promessas, sem palavras doces, sem amanhãs e, por estranho que pareça, com a certeza de ‘te ter como é, mas nem por isso ser sua’.

Danielle Rezende

Cadeiras Vazias

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Cadeiras vazias
Numa sala vazia
Esperam almas para
Preencher o frio de quem
Sobreviveu as desesperanças.

Cadeiras vazias
Numa sala vazia
Aguardam figuras sonhadas e 
Um raio de sol para aquecer o
Corpo frio da solidão.

Cadeiras vazias
Numa sala vazia
Esperam os gritos da vida
Que podem vir de algum lugar
Ou de lugar nenhum.

Silêncio da vida…
Da minha vida?
Das minhas vidas?

Tantos sentimentos 
Na sala vazia
Com cadeiras vazias
Tecendo esperas.

Alda Alves Barbosa

E quando…

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E quando este corpo deixar de
me pertencer e minha triste alma
entardecida procurar o amanhecer,
talvez a aurora a abrace,
talvez o sol a faça dormir nos
braços dos seus raios ardentes…
A noite sim… a noite não tem talvez…
em seus braços noturnos, sem o brilho
estelar, sem o esplendor da lua,
minha alma descansará na quietude
do silêncio.

Alda Alves Barbosa

Ternura

Ternura

Essa ternura
que envolve meu ser
me ensina a esperar
no silêncio, na leveza
do anoitecer.

E nessas altas horas
onde quase tudo dorme
imploro a noite que
não despeça de mim
essa alegria pura, essa
emoção que me
aquece no abraço dos
reflexos dourados.

E nessas horas
onde quase tudo dorme…
Horas ternas…
horas que crio vidas… Noite!

Alda Alves Barbosa

Vivência

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E essa obrigação de tornar
silêncio o que em mim canta.

E essa obrigação de apagar
fogueiras que me consomem.

E essa tristeza de reprimir
soluços de fomes, de sedes, de dor…

E essa tristeza de não ter esperas,
encontros,desencontros…

E essa chama a arder…
Vontade de vida… de morte… vontade de viver!

Alda Alves Barbosa