Porque hoje começa a primavera

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Em quantas primaveras
ouvi teus passos na
poeira vermelha, no
lamaçal gelatinoso do
Capim Branco?

Em quantas primaveras
ouvi teus risos, teus lamentos
no eco das serranias, numa
cascata de ais?

Em quantas primaveras
vi desabrochar flores,
rosas brancas
rosas vermelhas,
as coloridas e tímidas onze horas,
as margaridas sacrossantas
pinceladas brancas
despertando o sol?

Quantas primaveras se foram…
Não ouço mais nenhum passo
nenhum riso, nenhum lamento…
O tempo varreu a renda do luar,
musical poesia na dança dos teus passos.

Laços desfeitos…
rasgos profundos na alma,
no olhar, as ruínas de um tempo,
e fico presa às primaveras onde
deitam as margaridas e as onze horas.

Alda Alves Barbosa

Pai

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A todos os pais e a todas as mulheres que exercem o duplo papel de pai e mãe, o meu abraço! Parabéns pelo seu dia!

Pai

Pai, após tantos anos eu ainda o procuro e o encontro em cada traçado das nossas ruas e na Cachoeira do Rio Preto rasgando pedras com dedos feridos.

Vejo-te ó pai, entre as serranias desse cerrado, na melodia das picaretas abrindo caminhos para outras realidades.

Procuro-te nas águas silenciosas do Rio Roncador que parecem observá-lo substituir a claridade da lua pelo sêmen da modernidade.

Encontro-te pai, na floresta de espinhos rasgantes, memória triste da Rua Grande, enquanto na “boca da ponte,” nós, teus filhos, o esperávamos para aquecer teu coração.

Vejo-te em nossa casa com o olhar enternecido diante daqueles que aprenderam a andar nas pontas dos pés e abafar seus gritos.

Encontro-te pai, na brisa que passa lentamente, na poesia que escoa pelas minhas mãos… Saudades escritas trilhadas no teu DNA. Para ti são todos os meus versos. Neles eu te reencontro com passos leves, lentos como a lágrima que guardo em meus olhos.

Uma dor inabortável lateja! Paiiiiii…

Alda Alves Barbosa