Em quantas primaveras
ouvi teus passos na
poeira vermelha, no
lamaçal gelatinoso do
Capim Branco?
Em quantas primaveras
ouvi teus risos, teus lamentos
no eco das serranias, numa
cascata de ais?
Em quantas primaveras
vi desabrochar flores,
rosas brancas
rosas vermelhas,
as coloridas e tímidas onze horas,
as margaridas sacrossantas
pinceladas brancas
despertando o sol?
Quantas primaveras se foram…
Não ouço mais nenhum passo
nenhum riso, nenhum lamento…
O tempo varreu a renda do luar,
musical poesia na dança dos teus passos.
Laços desfeitos…
rasgos profundos na alma,
no olhar, as ruínas de um tempo,
e fico presa às primaveras onde
deitam as margaridas e as onze horas.
Alda Alves Barbosa