Entre sóis e luas

Ó doce Unaí,
minha terra,
minha poeira,
meu poema!
Luz causticante
do dia; na noite
a beleza inteira
ou beleza metade
da brilhante lua.

Unaí das bocas de fornos,
bolos campineiros, bifes
acebolados, empadinhas
deliciosas, frangos cheios,
do arroz amarelo, da carne
seca, do pão de queijo e
doce de ovos…

Unaí da rua grande, da rua
do meio, da minha enamorada rua,
do beco de Ursulino e de Oscar Rangel.
Unaí dos puxa-facas,
mulheres de vida fácil
vida fácil tão difícil!

Unaí do Rio Preto, Rio Roncador,
das cachoeiras, dos córregos
e ribeirões; terra das grutas
e da Pedra do Canto.

Ó minha doce Unaí
saudade do seu cantar!

Alda Alves Barbosa

Galeria

:

Mundo cerradeiro

Mundo cerradeiro

Céu azul
sol braseante
lua cheia… pálida
caminhos sinuosos
espigões verdejantes
meandros dos córregos
o terço da roça
a procissão para chover.

A vida dos pássaros e
seus muitos cantos,
veredas úmidas…
Nas bordas dos vales
a beleza amarela dos Ipês.

Árvores pequenas
troncos tortuosos
rios
ribeirões
córregos
sinfonia de folhas
sinfonia das águas.

Crenças…
Saberes de nossa gente
na fala mansa, cantada
desabrocham das pétalas
sonoras, da gestualidade
cênica que escorrem como
poesia – o causo.

Poéticos causos
poéticas auroras
poéticos entardeceres…

Coisas do encantado
mundo cerradeiro!

Alda Alves Barbosa

foto: Josué Marinho -Panoramio.com