Imaginário

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Frase de Manoel de Barros

Tarde chuvosa. Quero crer que dormi demais porque chovia. A natureza chorou para que eu pudesse descansar do mundo dos vivos. Muita pretensão! Não importa. Morri e ressuscitei. Ressuscitei? Acho que sim. Tenho o DNA da imaginação e por isso viajo pelas mãos dela. Todos os sentimentos que tive e tenho foram direcionados pelo imaginário.

E por isso tenho à minha mão todas as janelas que necessito: choro, rio, amo, desamo, morro, ressuscito… tudo obra do imaginar! Janelas benditas, malditas, mas janelas necessárias para que os relâmpagos risquem os céus, os trovões ecoem pelas montanhas, o céu chore lágrimas que eu não pude chorar! Janelas necessárias para que o vento passe e eu possa ir com ele para mundos desconhecidos… Janelas necessárias para que vá a procura da vida! Às vezes eu a perco! Mas tenho todas as janelas abertas para ir à sua procura .

Nem sempre a encontro. Deixo-a em paz. Sei que ela está necessitando desse afastamento para que seus sentidos, quase sempre em ebulição, descansem dessa energia que pulsa numa inquietação aterradora. Cavalgada alada!

Mas sinto falta dela… Horas longe da vida… dias que vivo sem ela são dias vazios, ocos, entardecidos. Perder-me de minha vida é perder a razão “de ser.” E por que desejo estar viva procuro-a nas asas dos sóis, das luas, nas noites mal iluminadas.

E encontro-a… para depois perdê-la!

Alda Alves Barbosa

O que são mortes simbólicas

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Morte na verdade pode ser considerada tudo aquilo que perdemos em nossa vida. Afinal, o que é a morte simbólica? É quando algo que para nós é importante passa a não existir em nossas vidas, em nosso pensamento,  O exemplo mais presente em nosso cotidiano é o término de relacionamentos. O casal por algum motivo acaba se separando, é uma morte simbólica. Em alguns muitos casos o casal continua encontrando-se, e as lembranças a todo o momento são reativadas. E o que isso acaba desencadeando? Muitas dificuldades na superação deste término; um dos dois poderá ter que conviver com o outro e acabar sofrendo. No caso citado, como lidar com a morte simbólica? Em todos os casos a primeira atitude que se deve ter é aceitar a perda. Neste caso aceitar que a pessoa já não quer por motivos pessoais estar do seu lado; já não existe mais sentimento ou não existe mais desejo de estar junto à situação acabou sendo saturada. Alguns pensam que reprimir a perda e fingir que está tudo bem é o que irá resolver, mas estão errados. Cedo ou tarde, você acabará revelando esse sentimento, ninguém consegue ser forte a todo tempo. Às vezes nos pegamos a questionar: como fazer pra esquecer? Não é uma receita de bolo e nem vende na farmácia a cura para o sofrimento. A cura pra ele é o tempo. Sinta-o, chore se necessário, desabafe com alguém, mas tendo consciência de que está pessoa não voltará mais para você. Nós devemos aceitar que na vida nada é permanente. As coisas vêm e vão, e com isso devemos nos acostumar com finais. Não é uma situação agradável, mas é necessária. Lembrem-se de que sentir a dor não é viver dela. Você pode senti-la, até que deixe de ser recente.  Não podemos nos obrigar a ir no dia seguinte a um cinema, a um barzinho. É claro que se amamos iremos chorar. Mas devemos procurar a distração, fazermos o que gostamos e acima de tudo procurar ser feliz. Por fim, qual o segredo de ser feliz? Assim como a cura para o sofrimento, não existe receita como um bolo, tampouco é vendido em algum lugar. Para se feliz basta se valorizar, se amar, prestar a atenção e dar devido valor aos pequenos e grandes gestos, a pequenas e grandes ações, olhar teu próximo como seu semelhante e não como mais ou menos que você, fazer o que gosta fazer o que te faz feliz. O que faz você feliz, não precisa ser caro, raro, escasso, estar longe, estar em outra pessoa, basta te fazer sorrir. E o que faz você feliz é a chave para esquecer e eliminar o sofrimento.