Dia das Saudades

livroaberto-copy
Novamente o domingo…
Para quem tem saudades
Domingo é o dia das ausências
E eu que já tenho idade para o saudosismo
Fico na cama lendo
Escrevendo
Dormindo
Sentindo nostalgia…

O novo domingo já amanheceu…
Eu abraço o nada
Porque neste dia
O nada é tudo que eu tenho!
Quero de volta os domingos dos ontens
No teu colo
no teus braços
no teu corpo
na tua poesia!

Alda Alves Barbosa

Foi…

12009763_10153443377305865_4242854186759890686_n

Gosto de tudo que já passou
Tudo que aconteceu… e porque
já aconteceu não acontecerá mais
É passado.
E por ser passado eu conheço
Porque já o vivi e por isso
não me assusta mais.
O próximo instante é desconhecido
Amanhã é o desconhecido…
Ontens… Como eu o conheço!…
Foi há décadas… foi há vinte e
quatro horas… foi há um segundo…

Alda Alves Barbosa

Deslembrar

996943_524888924251925_253641540_n
Seria tão bom se eu pudesse deslembrar de tudo! Seria tão bom esquecer minhas saudades! Saudades machucam, doem, sangram!

Percorri muitas estradas e por isso elas são longas. Olhar para os ontens descosturam as feridas, e o hoje chora, tamanha a dor! Dor de saudade fica enclausurada no tempo, e eu insisto em olhar.

Saudade deveria ter asas, voar para bem longe… Poderia ser levada pelo vento para longe, longe, muito longe! E eu não sentiria mais faltas… não choraria as ausências… não olharia mais pelas janelas como quem espera o que jamais retornará!

Saudades… um sentimento de inexistência! Seria tão bom se eu pudesse deslembrar!

Alda Alves Barbosa

Vida no Cerrado

Vida no Cerrado

Foto do cerrado Unaiense:  Carlos A Alves

Cerrado
do Noroeste
mineiro
das águas do Rio Preto
do sol brilhante
da terra vermelha
onde eu sujava meus pés.
Cerrado
da vida
dos ouriços-cacheiros
dos lobos
dos tamanduás
das capivaras…
Cerrado
(das margens)
do Rio Preto
dos pequenos afluentes
das pequenas canoas
das balsas atravessadoras .
Cerrado
da festa do Divino
da folia de Santos Reis…
Cerrado
da cagaiteira
do jenipapeiro
do muricizeiro
do umbuzeiro …
Cerrado
das frutas
das poucas flores
de moças faceiras
de gente feliz!

Nos ontens … nos ontens… nos ontens….

Alda Alves Barbosa

Um passo… outro… outro…

1392464_551062584972295_1500091152_n

E se de repente uma luz cálida envolvesse meu ser e eu fosse abraçada pelos desconhecidos habitantes de mim… Eu e meus caminhos, eu e meus abismos… Como trilhar tantas retas, tantas curvas sem correr o risco de estagnar no percurso? Eu limitada sem a largueza dos horizontes. Eu e os meus medos impedindo a minha passagem para os amanhãs.

Nos ontens, as barreiras foram superadas com o frio das lágrimas brotando dos poros. Nos meus ontens, os medos foram extirpados momentaneamente, o coração disrítmico socando meu corpo, minha alma.

E hoje, outra travessia se faz necessária… um pisar lento, pensado, calculado, para que os passos não acordem um sentimento que dorme dentro de mim.

Mais um passo… outro… outro… do outro lado o crepúsculo me arrasta com seus fios coloridos, para além de todos os horizontes.

Alda Alves Barbosa