Apesar de intenso…

aniversc3a1rio

E em silêncio eu amava… Amava intensamente muitas… tantas… muitas! Amava com prazo de validade. Meu amor poderia durar até o outro amanhã ou até a próxima hora… Nenhum amor ficou para presenciar o nascimento dos vincos em meu rosto; nenhum amor ficou para ver os rios de águas azuis desaguando em minhas mãos; nenhum amor ficou para me desamar.

Hoje procurei vidas pelos cantos de minha vida. Não ouvi nenhum choro,nenhum riso… O espelho, amarelecido por décadas de inércia refletia com dificuldades um rosto duro, um olhar raso, muitas ranhuras pelo corpo molemente descolorido, miserável… Ali residia um corpo sem vida, coberto de tempo!

Alda Alves Barbosa

Madrugada

10350342_580244382079496_6794857746000910629_n

Mendigo as madrugadas
nos mistérios que
margeiam o mundo.
Minhas mãos martirizadas
massageiam as madrugadas
maculando melancolicamente
os momentos míticos…
Mesmices misteriosas
mescladas de medos do
mergulho nas mortes.

Alda Alves Barbosa

Por causa da chuva

 

 

 

 

 

 

 

Amanheci ouvindo músicas dos Beatles,
Dançando o rock dos Stones e
Mandando tudo mais para o inferno.

Amanheci com minha mãe cantando
com sua voz forte e bonita: “e a fonte
a cantar, chuá… chuá… Meu pai
saindo para ganhar o pão de cada dia.

À tardinha repousarei na paz do Capim
Branco, as cadeiras nas calçadas,
Minhas mãos entrelaçadas às do
Meu primeiro amor…

À tardinha meu pai chegará
Colocará o chapéu na pequena
chapeleira dependurada na parede.
O canto da água na bacia lavará
o suor do seu rosto, para
celebrar o fim do dia de mais
uma labuta.

À noite vestirei meu vestido de
mocinha, usarei meu primeiro
sapato de salto alto. Na vitrola
portátil – presente do meu irmão
Zezé – ouvirei “Eu estou apaixonada
por você.”

Hoje não quero adivinhar os amanhãs.
Quero os dias dos ontens para não
morrer no agora.

Alda Alves Barbosa

Louvação

Louvação

Louvação

Louvo a ti, amor
Teus olhos
Teus braços
Tuas mãos…

Louvo a ti, amor
Teus olhos nos meus
Teus braços em meus abraços
Tuas mãos entrelaçadas às minhas.

Louvo a ti, amor
Teu suor em meu corpo
Teu corpo em meu corpo
derramando sementes.

Louvo a ti, amor
Tu me levas ao céus!

Alda Alves Barbosa