Mar… Imensidão de azul e vazio. As ondas grandes quebrando revoltas nas pedras de Isla Negra. Sentada em frente aos corpos do escritor Pablo Neruda e de seu amor Matilde Urrutia, tive a sensação de que as ondas iriam me engolir. E eu que tenho certo pânico e encantamento profundo pelas águas, não tive medo. Queria que ela me engolisse por inteiro no lugar onde o coração transbordava. Dizem que todos tem instinto de sobrevivência. Afirmo o contrário: todos tem instinto suicida. Não me tomem como uma pessoa louca, negativa que faz apologia à morte. Muito ao contrário, sou defensora da vida. Mas… Ah! Como queria que meus olhos que não obedeciam e insistiam em marejar fossem completamente recobertos pelo azul! Morreria insanamente feliz, teoricamente livre e em lugar desconhecido.
A água brava parecia ter raiva do mundo. Gelada como atitudes corrompidas nos últimos tempos. Sentada em frente à corpos que se amaram loucamente me deliciava com o instinto suicida.
Adeus areia impregnada de história, adeus Isla Negra! Retorno ainda hoje ao instinto de sobrevivência… Infelizmente!
Danielle Rezende
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- Isla Negra