Para você…

corações
Mãe,
você se foi como as águas grandes
das enchentes do nosso Rio Preto.
Seu corpo, a terra abraçou
sua alma esvaiu, voou com o vento.

Você se foi,
Mãe
Se distanciou…
Meu coração ficou faminto,
silente, abandonado com o
vazio de sua ausência e,
meu ser, órfão podado de
caminhos que me levavam até você.

Você se foi…
Embrenhou-se nas profundezas da terra
nas alturas do voo… Meus acenos foram
vãos, inúteis… E vi sua terra lhe envolvendo
em abraços… E vi o sol brilhando nos teus cabelos

Mãêêê..

Alda Alves Barbosa

Sepultamento das Amélias e Cinderelas – Dia Internacional da Mulher

Bailarina

E as Amélias e Cinderelas estão morrendo! Mortes e sepultamentos necessários. A vida real nos chama… A realidade nos mostra seu rosto despertando em nós uma necessidade de cuidarmos de nós mesmas. Cuidar de nós mesmas significa fazer nossas escolhas, trilhar caminhos escolhidos por nós, chegando onde desejamos chegar.

Estas atitudes nos tira da condição de exiladas, de incapazes… Sim, incapazes! Um sentimento destrutivo, uma tempestade sombria de transferência de responsabilidades nossas para o outro. E nos perdemos… O outro nos tem. Ele passa a abrigar nossos sonhos, nosso eu!… E não nos devolve mais a nós mesmas. Fomos sepultadas no outro!

Amélias e cinderelas ainda é a grande maioria. As Amélias cuidam do outro(s); as Cinderelas esperam alguém que cuide delas. Mas aos poucos elas estão morrendo… Afinal, destruir séculos de servidão não se faz de um dia para o outro.

Sigamos em frente…” Pintora pegue o pincel… pinte. Bailarina, vista sua malha, amarre fitas no cabelo, na cintura ou nos tornozelos e … dance!” Poetas, escritoras, sejam férteis… escreva. Mãe, respire profundamente e vá à luta… ensine seu filho a arte de viver. Esposa, seja mulher, mas seja independente, “casamento não é batido a prego” – Ditado popular.

Dancemos todas! Marias, Joanas, não importa o nome… Exerçamos nossa arte, seja ela qual for… “O que está em movimento não se congela!”

Sigamos em frente!

Alda Alves Barbosa

Pai

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A todos os pais e a todas as mulheres que exercem o duplo papel de pai e mãe, o meu abraço! Parabéns pelo seu dia!

Pai

Pai, após tantos anos eu ainda o procuro e o encontro em cada traçado das nossas ruas e na Cachoeira do Rio Preto rasgando pedras com dedos feridos.

Vejo-te ó pai, entre as serranias desse cerrado, na melodia das picaretas abrindo caminhos para outras realidades.

Procuro-te nas águas silenciosas do Rio Roncador que parecem observá-lo substituir a claridade da lua pelo sêmen da modernidade.

Encontro-te pai, na floresta de espinhos rasgantes, memória triste da Rua Grande, enquanto na “boca da ponte,” nós, teus filhos, o esperávamos para aquecer teu coração.

Vejo-te em nossa casa com o olhar enternecido diante daqueles que aprenderam a andar nas pontas dos pés e abafar seus gritos.

Encontro-te pai, na brisa que passa lentamente, na poesia que escoa pelas minhas mãos… Saudades escritas trilhadas no teu DNA. Para ti são todos os meus versos. Neles eu te reencontro com passos leves, lentos como a lágrima que guardo em meus olhos.

Uma dor inabortável lateja! Paiiiiii…

Alda Alves Barbosa