Apesar de intenso…

aniversc3a1rio

E em silêncio eu amava… Amava intensamente muitas… tantas… muitas! Amava com prazo de validade. Meu amor poderia durar até o outro amanhã ou até a próxima hora… Nenhum amor ficou para presenciar o nascimento dos vincos em meu rosto; nenhum amor ficou para ver os rios de águas azuis desaguando em minhas mãos; nenhum amor ficou para me desamar.

Hoje procurei vidas pelos cantos de minha vida. Não ouvi nenhum choro,nenhum riso… O espelho, amarelecido por décadas de inércia refletia com dificuldades um rosto duro, um olhar raso, muitas ranhuras pelo corpo molemente descolorido, miserável… Ali residia um corpo sem vida, coberto de tempo!

Alda Alves Barbosa

Sinos

Sino-de-Igreja

                                                                            Sinos dos ontens,
badalos das tempestades
badalos de paz.
Sinos dos ontens
Dos arrozais
verdejando a margem de lá
do Rio Preto.
Sinos que badalam o nascer,
o morrer…
Choremos sinos,
dancemos sinos,
cantemos sinos,
a vida, a morte
e a saudade de tudo,
de todos,
dos sinos badalarem
para o encontro marcado
na casa de Deus.
Na hora do Ângelus, hora agônica…
Nas horas… nas horas que
marcam as horas
de cada mortal!

                                                                                                                                                    Alda Alves Barbosa

Dentro de mim

10488017_650553528365797_8200764132653189540_n
Dentro de mim reside
a alma do mundo.
Por isso sou feita para a
solidão. Solidão antiga igual
a sempre: sempre solidão,
sempre solitária – Um fio cristalino,
perene vida, escura imensidão.
Como cheguei aqui? Como sairei?
Poucos passos… Muitos passos…
Vento… Percepção invisível, mensageiro
das despedidas, selvageria das horas. Fim.

Alda Alves Barbosa

Ternura

Ternura

Essa ternura
que envolve meu ser
me ensina a esperar
no silêncio, na leveza
do anoitecer.

E nessas altas horas
onde quase tudo dorme
imploro a noite que
não despeça de mim
essa alegria pura, essa
emoção que me
aquece no abraço dos
reflexos dourados.

E nessas horas
onde quase tudo dorme…
Horas ternas…
horas que crio vidas… Noite!

Alda Alves Barbosa