Existir só

10411889_773435122701113_6616902449299537317_n Já não sinto a agonia muda e funda de existir só. Não que o estar apenas comigo me trouxesse algum dia uma ínfima dor ou sequer um pequeno sentimento de abandono. Não, isso não. Com ou sem amor sinto-me só. Mas não posso negar que a agonia pela ausência de alguém em minha vida existiu. Penso que talvez seja pelo fato de que – na época – sentia-me na obrigação religiosa de crescer e multiplicar. Instalou-se em mim uma guerra entre o ter ou não ter alguém; obedecer ou desobedecer… Optei pelo não. Acho, não tenho certeza, que não acredito no amor. E essa incerteza vem somar ao horror que eu sinto de abrir meu ser a alguém. Tenho horror que alguém perscrute qualquer cantinho do meu existir.

É bom abandonar-me em braços nus, fortes… É ótima essa nudez física – corpos nus entrelaçados… Mas a nudez espiritual é profana; é violar a minha essência, a minha alma. Esse despir do meu ser para o outro me angustia, gela-me o coração.

É doce amar? Não sei… E por isso estou só sem sentir-me só e sem ser solidão. Apenas um medo estranho do outro me arrancando de mim.

Alda Alves Barbosa