Sem intervalos

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Amo a vida sem intervalos… Viver sem pausas transpondo muros, abraçando a vida que vai se mostrando afoita, mas leve.

Não sou afeiçoada à janelas e portas. Janelas e portas reportam-me a ausência de liberdade. Olho uma porta, vejo cadeado; olho janelas, vejo cadeados. Como ser livre em meio há tantos obstáculos?

Nasci para a liberdade. Gosto de voar e conhecer meus mundos. Moro em tantos mundos… Sou tantos “eus!” Grades aprisionam – casas têm grades e muros… e eu sou tão livre!

Gosto de chuva, Mas gosto de senti-la na rua, molhando meu corpo, arrepiando minha pele, e eu girando em torno de mim mesma. numa dança ritmada, de braços abertos acolhendo a liberdade.

Amo a vida em continuidade! Posso partir, posso chegar. Posso nem partir nem chegar, apenas ficar. E ficar é fazer opção em conhecer apenas um mundo – é não percorrer outras estradas, não conhecer outros caminhos – é não arriscar o encontro com o desconhecido. Medo? Não sei. Mas sinto-me livre das submissões!

Alda Alves Barbosa

Além do cimento

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Acordei buscando esse dia… Percorri longas estradas e humildes caminhos. Buscava a beleza; pequenos detalhes que me trazem felicidade. Não, não são detalhes, meu olhar necessita dos enfeites coloridos para que eu não me sinta tão incompleta! Por isso busco a simplicidade do belo.

E meu sonho viajou pelas estrelas, correu atrás das águas, dormiu nos sepulcros da árvores… Meu sonho queria morrer. Decidira fazer companhia aos restos mortais do cerrado.
Repensou. Optou na continuidade da busca… Meus cabelos pratearam, meu rosto encheu-se de vincos – lado sombrio da vida – e eis que vi meu sonho real, simples, doçura de cores, pétalas amarelas, rosa, vinho – rendas multicores trazidas pelo sol e pelo luar! Estavam aqui, belas e imponentes desmanchando-se ao vento, colorindo o chão com tapetes bordados!
Um sonho real ainda pequeno, mas eu sonho grande e acredito nos amanhãs!

Alda Alves Barbosa

Galeria:

Bairro: Bela Vista. Rua Santos Dumont, Castro Alves e Delvito Alves
Fotos: Ana Maria Moraes Carvalho

Na flor da solidão

     Depois de perambular, depois de andar por vagas estradas, acompanhada de pequenas esperanças, de sonhos derramando compaixão, tenho orgulho da tenacidade que insiste em morar no meu olhar… Estéreis resistências detidas entre sombras que crescem e asas trêmulas, me sinto existir nos altares de pranto e nos crepúsculos sem perfume.

     No meu quarto, a lua abandonada, opaca, sem voz, eu, dona do amor, debruço sobre tapetes pálidos, naufrago no vazio, com arredores de pranto.

     Cresce a sombra na paz da chuva, na flor da solidão.

Alda Alves Barbosa