Adeuses

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Nos teus olhos
Meu cansado olhar
Encontra amor
Deus vagar.

Nos teus braços
Meu corpo desamado
É amado… embalado
Adeus solitude,
Braço sagrado.

Nos teus lábios
Minha sedenta boca, vazia
Bebe água doce
Adeus melancolia.

No teu corpo
Meu ser tão frio
Aquece a gosto
Adeus secura,
Adeus estio.

Ronair Gama

Ritos

Grupo de crianças se reúne e faz pedidos aos “céus” (Foto: Reprodução/TV Integração) – Guiricema – Zona da Mata

Já adentrava para uns cinco meses que não chovia no imenso cerrado. O sol chapeava as pedras existentes no chão, arrancando faíscas no pico das serranias, onde a vegetação rasteira ainda existia. O sol impiedosamente queimava tudo com o seu fogo incandescente. O rio Preto não era mais um rio caudaloso, e a meninada fazia plantão nas “pedrinhas” para atravessar para a outra margem do córrego que há alguns meses atrás era um “mar de águas doce.” O arrozal do Senhor Irineu, plantado à margem esquerda do rio, antes, com suas folhas verdinhas, não passava de um mato seco amorenado pelo sol. O chão das margens, marcadas por infindáveis rachaduras, denunciava os difíceis amanhãs. “Vai faltar comida;” era o que se ouvia nas conversas nas janelas, portas e ruas quando o sol declinava para que a lua viesse diminuindo o calor e irradiando beleza do céu no nosso chão. Mas a pequena população não queria, naqueles dias, ver tanta formosura das estrelas e o universo todo pintado de azul; queria ver sim, nuvens escuras que denunciassem a proximidade das chuvas. “isto sim, era coisa bonita de se ver,” diziam, olhando pasmos para o céu estrelado.

Vera observava tudo e todos. As conversas entre os vizinhos/parentes não eram animadoras e, para amenizar o medo, ela corria para as “pedrinhas” e lá ficava olhando nas poucas águas as piabas sobrevivendo ao caos que se instalara nas suas moradas. Preferia estar no só a ouvir o determinismo desesperançado dos adultos: “Não tem jeito não, Deus se esqueceu de nós. Vamos morrer estorricados.”

Missas eram celebradas pedindo socorro a Deus, mas Vera não entendia nada que o padre falava. Era um homem grande que vestia vestido longo sempre na cor preta, o que realçava a sua pela alva. As bochechas vermelhas denunciavam uma alimentação boa em quantidade e qualidade, coisa rara no cerrado. “Deve ser por isso que a minha mãe quando comia muito abóbora com carne dizia: “comi que nem um padre.”

Ele, o padre, tinha um péssimo hábito; rezava a missa de costas; diziam que ele vinha de um lugar muito longe chamado Holanda. Falava tudo enrolado. Na hora do sermão ninguém entendia nada de nada. A missa era rezada numa língua estranha, o padre falava outra língua, e, nós fiéis do cerrado, outra. E quando ele, o padre, ficava de costas, então é que piorava tudo… aí é que ficava tudo incompreensível mesmo. Vera aproveitava o não entendimento para devanear, e nestes devaneios chegava ao céu e silenciosamente pedia a Deus que enviasse chuva para que tivesse alimento para sua gente, água para o seu rio cor de noite e beleza para o cerrado. Mas parecia que Deus não ouvia os seus gritos de socorro. Parece, porque os do padre ela tinha certeza que não. “Como Deus ia entender aquele palavreado confuso e, além do mais desprezava seu povo dando-lhes as costas?”

[…] E os dias sequenciavam numa secura só. O cerrado entrou na solidão das folhas se entregando à terra. Havia uma cruz no adro da Igreja Nossa Senhora da Conceição. Os moradores se reuniram como se esta fosse a última tentativa de socorro ao Supremo; cada um carrega em suas mãos vasilhas com água e no percurso da ponte até a igreja iam entoando cânticos religiosos pedindo piedade ao Divino. Já em frente à cruz, águas eram derramadas sobre ela; rito religioso para pedir clemência à necessidade mais premente do povo: a chuva no cerrado. Vera acompanhou tudo numa postura fervorosa de estar sendo ouvida pelo Altíssimo.

Ao longe, um relâmpago… um trovão… Devagarzinho as nuvens foram escurecendo e ficando mais próximas do chão. No alto, os raios riscavam os céus e os pingos grossos de chuva caíam na poeira deixando no ar o perfume de terra molhada. “A chuva lavava o cerrado e as almas preocupadas.” – Vera pensava, enquanto corria para casa. Eufórica e arquejante procurou por sua mãe que estava na cozinha fazendo o delicioso doce de ovos. Gritou: – Viu mãe, está chovendo; Deus ouviu nossas preces! Sua mãe olhou para ela e continuou a mexer o doce com a colher de pau. Nenhuma emoção em seu rosto, nenhum comentário, nenhum agradecimento a Deus, nenhum olhar para os céus!

Em seu quarto, ajoelhada, de mãos postas, Vera pedia a Deus para deixá-la sempre criança!

Alda Alves Barbosa – Do livro de contos “Travessias do Tempo”

coruja

                                                               O que é filosofia?

Algumas das questões mais estimulantes,enigmáticas e importantes já formuladas são filosóficas.Elas podem desafiar nossas crenças mais fundamentais.

A filosofia é por muitas vezes rejeitada como uma disciplina sem relevância para a vida cotidiana. A verdade é que ela pode ser,e com muita frequência é,de fato muito relevante.Todos nos temos crenças filosóficas,mesmo que não percebamos.Podemos acreditar que Deus existe.Ou podemos acreditar que não.Essas são crenças filosóficas.Alguns creem que temos almas imortais,enquanto outros supõem que somos seres puramente materiais.Muitos acreditam que as coisas são moralmente certas ou erradas independentemente do que possamos supor,enquanto outros afirmam que certo e errado são uma questão de preferencia subjetiva.Cremos que o mundo que vemos a nossa volta é real e que existe mesmo quando não o observamos mais uma vez,essas são crenças filosóficas,e foram ambas minuciosamente examinadas por filósofos.

Essas crenças podem ter grande impacto sobre nossas vidas diárias. Alguém que acredite que moralidade não é mais que uma preferencia subjetiva pode acabar se comportando de modo muito diferente de alguém que considere um ser errado matar ou roubar é uma questão objetiva.A também um aspecto filosófico em muitos debates morais e políticos contemporâneos. Questões sobre aborto,direitos dos animais,guerra e liberdade de expressão tém todas uma importante dimensão filosófica.

Alguém que nunca realmente pensou sobre tais questões,ou que esta mal preparado para pensar sobre elas,encontra-se em seria desvantagem quando se trata de avaliar o que é verdadeiro.

                               QUESTÕES FUNDAMENTAIS

As crianças tendem a perguntar repetidamente.. ” Por qué? ” Elas não levam muito tempo para questionar fundamentos – a fazer aquelas perguntas básicas que,em nossa vidas diárias,podem simplesmente não nos ocorrer porque fazem parte do que costumamos considerar obvio.

Embora possa ser divertido,pensar filosoficamente pode também ser perturbador.Quando possamos a fazê-lo,começamos a pensar sem uma rede de proteção o chão firme que pensávamos estar sob nossos pés pode se desintegrar rapidamente,deixando-nos suspensos no ar.Essa sensação de vertigem intelectual é comum na filosofia.Não surpreende que tantos de nos optemos por não pensar sobre essas questões.Preferimos ficar onde nos sentimos seguro.

Universo

Mas vale a pena correr o risco.

D e onde veio o Universo? Por que as coisas  existem? A filosofia faz perguntas fundamentais e muitas vezes perturbadoras sobre a vida.Questionar fundamentos pode ser proveitoso.Alguns dos maiores avanços científicos surgiram quando cientistas formularam perguntas desse tipo.Einstein comentou que uma das suas maiores inspirações veio da leitura do filosofo do seculo XVIII David Hume que o levou a duvidar  do que outros simplesmente tomavam como certo.

E não são só os cientistas que se beneficiam com isso.Alguns dos mais importantes avanços morais e políticos também resultaram da disposição das pessoas de questionar,e em alguns casos rejeitar,o que quase todos os demais simplesmente supunham verdadeiro.

Alda Alves Barbosa

Consulta: Filosofia- Stephen Law