Mulheres-Mães

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À vocês mulheres que fizeram o plantio das sementes para que delas brotassem vidas. Vidas que necessitam sempre de seus abraços para que aprendamos a dançar com a vida, com a morte e dançar de volta à vida.

Parabéns à vocês mulheres que são mães de vidas, que são o sustento, o amparo dos seus plantios – Junto de vocês passamos a ser o canto, o hino da criação que sempre desejaram entoar!

Parabéns às mulheres “mães do coração” que plantaram a semente dentro do coração para abraçarem os filhos que não foram semeados por elas.

E eu que não sou mãe, não semeei sementes de vidas,mas semeei letras e colhi até o momento quatro livros, de alguma forma me sinto mãe… Há tanto jeito de ser mãe, de fazer plantio e alegrar vidas!

Flores para vocês mulheres-mães famintas de plantio! Parabéns por todos os dias, porque somos sempre necessárias!

Abraços meus

Alda Alves Barbosa

Existir só

10411889_773435122701113_6616902449299537317_n Já não sinto a agonia muda e funda de existir só. Não que o estar apenas comigo me trouxesse algum dia uma ínfima dor ou sequer um pequeno sentimento de abandono. Não, isso não. Com ou sem amor sinto-me só. Mas não posso negar que a agonia pela ausência de alguém em minha vida existiu. Penso que talvez seja pelo fato de que – na época – sentia-me na obrigação religiosa de crescer e multiplicar. Instalou-se em mim uma guerra entre o ter ou não ter alguém; obedecer ou desobedecer… Optei pelo não. Acho, não tenho certeza, que não acredito no amor. E essa incerteza vem somar ao horror que eu sinto de abrir meu ser a alguém. Tenho horror que alguém perscrute qualquer cantinho do meu existir.

É bom abandonar-me em braços nus, fortes… É ótima essa nudez física – corpos nus entrelaçados… Mas a nudez espiritual é profana; é violar a minha essência, a minha alma. Esse despir do meu ser para o outro me angustia, gela-me o coração.

É doce amar? Não sei… E por isso estou só sem sentir-me só e sem ser solidão. Apenas um medo estranho do outro me arrancando de mim.

Alda Alves Barbosa

Mamãe… Mamãe… Mamãe

Mamãe... Mamãe... Mamãe

O sol ainda dormia e Luiz Alves de Sousa acordava a nossa tão pequenina Unaí com a alvorada do “dia das mães.” Sua voz clara e bonita derramava palavras que aprofundavam mais ainda o amor dos filhos pelas mães. Nossos ouvidos, ainda sonolentos, despertavam para que a emoção nos abraçasse. Eu ainda tão criança tinha certeza de que toda aquela beleza subia aos céus e encontrava Deus; Era um retorno ao lar da alma. Acredito que todos retornavam. Um presente inesquecível da “Casa Pimentel.”
Em mim estes retornos ao plantio, este sentimento amoroso vinha acompanhado de dor. Bela e triste a música chegava aos meus ouvidos, ia até as serranias ou além delas, alçava voo, mas retornava ao meu coração de menina: “Mamãe, mamãe, mamãe// tu és a razão dos meus dias// Em ti eu me sinto criança… Se eu pudesse eu queria outra vez, mamãe// começar tudo, tudo de novo”…
Eu, no meu quarto, ainda deitada na minha cama “patente” escutava os soluços de minha mãe entrecortados pela palavra que deixara de pronunciar aos nove anos de idade: mãe… mãe… Meu coração também chorava, doía… Nestes momentos as lágrimas pareciam abrir fundos abismos em meu rosto. Sentia-me roubada, ou era minha mãe que se sentia roubada? Nunca obtive resposta… Mas ainda a vejo sair do quarto com o olhar de solidão tão profunda que as lágrimas escorriam pelas fendas do seu rosto… rosto jovem, olhar de anciã… Orfandade!
Eu? tinha um sentimento de exílio!

Alda Alves Barbosa

Por tua causa

Por tua causa

Há em teus olhos negros
um brilho chamejante
no teu riso um mundo
de claridade!
Teu olhar… Teu sorriso…
Loucura e fantasia!

Paixão estranha
coração ardendo
gemidos, soluços
abraços sem nós.

E nas noites
Prisão triste
de quem te espera
na janela vendo a
chuva cair…

No meu peito!

Alda Alves Barbosa