Meus sonhos… Onde estão?

Filtro dos sonhos (7)

Onde estão os meus sonhos?
Entre alguma árvore desnuda?
Nas folhas pálidas arrastadas
pela brisa? Na paisagem que
canta a tristeza ao mais leve contato?

Meus sonhos morreram
despidos de significados
no canto triste da minh’alma
doída…Como folhas pálidas!

Alda Alves Barbosa

Mulheres-Mães

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À vocês mulheres que fizeram o plantio das sementes para que delas brotassem vidas. Vidas que necessitam sempre de seus abraços para que aprendamos a dançar com a vida, com a morte e dançar de volta à vida.

Parabéns à vocês mulheres que são mães de vidas, que são o sustento, o amparo dos seus plantios – Junto de vocês passamos a ser o canto, o hino da criação que sempre desejaram entoar!

Parabéns às mulheres “mães do coração” que plantaram a semente dentro do coração para abraçarem os filhos que não foram semeados por elas.

E eu que não sou mãe, não semeei sementes de vidas,mas semeei letras e colhi até o momento quatro livros, de alguma forma me sinto mãe… Há tanto jeito de ser mãe, de fazer plantio e alegrar vidas!

Flores para vocês mulheres-mães famintas de plantio! Parabéns por todos os dias, porque somos sempre necessárias!

Abraços meus

Alda Alves Barbosa

Quem

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Quem me roubou a noite e
levou consigo o perfume
que alastra a minha poesia?

Quem me roubou a fantasia
de ser e não ser…
Quem me roubou o direito
de parir a flor poética
para enfeitar meus amanhãs?

Quem me fadou ao desespero
secando a nascente dos poemas
secando o solo onde borbulhava
o re(canto) das palavras?

Quem me arrancou
o sonho,
a vida,

Quem?

Alda Alves Barbosa

O silenciar das palavras

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Aguardo a luz da aurora. O silêncio adentrou a noite; adentrou nas palavras. E elas foram crescendo mudas. Esperei. Nenhum movimento, nenhum canto, nenhum ritmo… Apenas palavras que se calaram sob o peso das alegorias. Meu coração emudeceu; energia? nenhuma. O rio secou, as vidas morreram, a escuridão – fantasma de uma noite com palavras silentes – ignora o desespero de quem perdeu a vibração do significado.
Escuridão diante do silêncio são fantasmas que prendem as palavras no cativeiro. E nesta noite sou eu a refém. Sou eu a prisioneira das palavras sem voz. À noite, antes minha companheira, estava se despedindo… Cortava as veias que me ligavam a ela. Retornará, eu sei. Ela me conhece bem. Sabe que é apenas um momento de dor que me inundou… uma certa angústia do comum.
Aguardo a luz da aurora para sepultar as palavras frias, mortas!

Alda Alves Barbosa

Pedra do Canto

Pedra do Canto Foto: pedalando por unai.blogspot.com Pedra do Canto

Ó sombra cantante do
Noroeste mineiro
Região longínqua…
Em teus olhos reside
a dureza selvagem de
quem é intocável; em tua boca,
céu aberto, o brilho braseante
de um beijo sensual.
Teu rosto é a pálpebra
de um pequi adormecido,
o pé o cetim verdejante
cheiro de vento,
cachos de vida.

Conheço esta semente
desde a minha meninice…
Rocha imponente de
linear beleza; de doçura
rebelde que parece avançar
liberta rumo aos céus fazendo
círculos nas estrelas.

E ao anoitecer, a luz noturna
do teu coração sai liquidamente
entre retas e curvas sussurrar
contigo o teu canto!

Ó Pedra do Canto… Pico do Canto!
Canta o nascimento deste sertão
canta esta terra que me deu a vida
canta a vida que te deu o canto!

Pedra do Canto
calcário deste sertão
somando o indelével
acrescentando passos
costurando sílabas
na Pedra do Canto!

Sinfonia calcária!

Alda Alves Barbosa

No silêncio do coração

No silêncio do coração

Certas atitudes me convidam a uma reflexão. Algumas, eu apenas observo sem me deter em detalhes. Meu coração não modifica o ritmo, continua dançando no passo e no compasso do cotidiano.

A reflexão, esta sim, me sustenta quando entro no descompasso da vida. E por me saber assim, necessitando quase sempre deste alimento, meu olhar concentra no purgatório humano para enxergar os olhos da humanidade.

Procuro um recanto. Faço um pacto comigo, e começo a escrever. Transformo este cantinho do mundo no meu próprio canto.

Para mim meu lar pode ser em qualquer lugar solitário: um fio de água procurando um rio, folhas secas que soltam das árvores forrando o asfalto, gotas d’águas que caem mansamente dos céus. Meu lar pode ser o assobio do vento passando por grandes blocos de árvores.

Meu lar pode ser o silêncio do meu coração; o braço que tenta abraçar o mundo; o brilho de cada olhar… o grito silencioso das dores do mundo!

Alda Alves Barbosa