Falta de concretude

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ampulheta
Não há certezas! É como mergulhar em águas límpidas e profundas de utopia, de esperança. E vive essa agonia. Sair daquelas águas representa vislumbrar aquilo que não é concreto é ver a estrada embaçada como miragem e rasas perspectivas. Mergulha então euforicamente para que encontre percursos de alguma maneira. Enquanto vive esse dilema a ampulheta escorre a areia fina e diferentemente dos jogos, não há um ser sequer que seja capaz de colocá-la de cabeça pra baixo ou mesmo evitar que as partículas escorram. Entre mergulhos, afogamentos, sair , retornar, não vê quem possa inferir na ampulheta ou tornar a estrada mais real… Como se toda essa loucura não fosse ela mesma: a realidade. Enquanto esperava tocar naquilo que seria concreto percebia pouco a pouco que esperas são inúteis. De tanto esperar se exauria e se transformava em nada. O nada de hoje! Estão nesse segundo, aprisionadas sensações e lembranças sem retornos. Vive de esperas e de amanhãs. Conforta na vida imaginada seus pensamentos e o hoje em nada conforta. Corria atras daqueles escassos minutos de encantamento onde a irrealidade se configurava tão real que seria capaz de desenhar cada linha do cotidiano alegre, leve, suspenso.
É vida, é inconsistência e incertezas!

Danielle Rezende

Na paz da noite

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Na paz da noite cheia de passado, há uma lei que manda no meu sentir. Um quê de saudade nostálgica que insiste que eu retroceda os meus passos… E chego à vida que vivi. Vivi tanto em poucos segundos! Vivi tanto! Tenho a idade da intensidade com que vivi cada tempo. Isso define o porquê do cansaço da vida que vivi!

E por ter vivido tão intensamente, instalou-se em mim um deserto imenso, não de emoção, mas de busca de um fim. Vivi tudo? E se houver mais estradas a percorrer? Meu corpo antigo, cansado de tanta vida, resistirá? E os sonhos não concretizados? São apenas sonhos não concretizados?

Tenho a vaga impressão que estou desejando uma vida infinita; uma ilusão de viver uma juventude sem fim, na paz da noite, cheia de passado!

Alda Alves Barbosa