
Como todos os dias esperei ansiosa a noite chegar. Iria abraçar minha poesia, conversar com minhas criaturas, inventar mundos… Eu iria viver.
A noite chegou e encontrou minha alma na escuridão de um tempo não vivido. Decidi morrer no hoje para procurar os ontens num tempo onde eu me debruçava nas ruínas e dormia o sono dos sepultos. Este tempo sepulcral eu o quero de volta para entender os porquês das minhas ausências… Tempo que desisti dos meus sonhos, desisti de ser… não fui o que deveria ter sido.
E se eu tivesse seguido em frente em vez de virar à esquerda? Perdi-me nas bifurcações. Escolhas erradas ou não me preocupei em escolher? Ignorei as badaladas da cruz se cruzando; ignorei a mudez do tempo passando; ignorei os alinhavos do passado. Tornei-me escrava da dor, mendiga da compreensão do outro. Fiquei com a alma vazia… me perdi pelos caminhos das interrogações.
Hoje eu procuro este tempo… Pra quê? Porque este tempo me pertence, pedaços meus estão ali. Neste tempo minha alma chorou as perdas e eu me perdi de mim… Encontrei-me entre as ruínas sobre o olhar que chorava.
Nas alternâncias entre o viver e morrer, depois de todo cansaço, procuro estes instantes transformados em décadas com os olhos de inverno… Talvez estejam no quarto escuro do medo!
Alda Alves Barbosa
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