Entre o belo

margaridas

Não me procure entre os homens
Procure-me nas águas cantantes
do Rio Preto, no murmúrio dos riachos
No tímido farfalhar das folhas
Nas verdejantes relvas
Entre as flores insinuantes e coloridas
Ou num canteiro de margaridas brancas, doces…

Procure-me onde o amor foi semeado.

Alda Alves Barbosa

Clareira

sertao_brasil[1]
E a terra compactada
foi se abrindo
tecendo vincos
na pele seca golpeada
pelo fulgor do sol
escaldante de outubro.
Estio de primavera,
abóbada implacável
mordendo a vida
desse sertão,
queimando o pó vermelho,
secando as poucas águas,
aproveitando nossas lágrimas
para umedecer as ruínas
provocadas pelo teu
inferno de fogo.
Ouçamos a aurora
a abóbada crepita…
Vem devagar aprofundar
as nesgas já desenhadas
no chão pobre e belo
do meu quente cerrado.

Alda Alves Barbosa