Pelas frestas das janelas dei conta que já era quase noite. Dentro de casa a luz apagada dava um ar lúgubre, sombrio. A cama em desalinho; livros e remédios disputavam espaço dentro da bagunça. Um gato em seu eterno sono há dias parara de ronronar. Nunca me lembro de colocar as pilhas. TV ligada há dias ininterruptamente – vozes que não escuto e imagens que não vejo. No corredor o silêncio do abandono. Na floreira flores murcham e despetalam. Em um canto as margaridas brancas e por isso virgens, mudam de cor… Perderam a virgindade!
Em cima da mesa uma jarra aguardava a pureza das margaridas para enfeitar a vida dos amanhãs. Em meio ao caos fecho os olhos.
Não espero nada, não espero ninguém. A eternidade é o sono que cai sobre mim!
Sonho? Realidade?… Amanhã saberei!