José de Alencar

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josé de Alencar
José de Alencar (1829-1877) foi romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista. Destacou-se na carreira literária com a publicação do romance “O Guarani”, em forma de folhetim, no Diário do Rio de Janeiro, onde alcançou enorme sucesso. Seu romance “O Guarani” serviu de inspiração ao músico Carlos Gomes, que compôs a ópera O Guarani. Foi escolhido por Machado de Assis, para patrono da Cadeira nº 23, da Academia Brasileira de Letras.

José de Alencar consolidou o romance brasileiro, ao escrever movido por sentimento de missão patriótica. O regionalismo presente em suas obras, abriu caminho para outros sertanistas, preocupados em mostrar o Brasil rural.

José de Alencar criou uma literatura nacionalista onde se evidencia uma maneira de sentir e pensar tipicamente brasileiras. Suas obras são especialmente bem sucedidas quando o autor transporta a tradição indígena para a ficção. Tão grande foi a preocupação de José de Alencar em retratar sua terra e seu povo que muitas das páginas de seus romances relatam mitos, lendas, tradições, festas religiosas, usos e costumes observados pessoalmente por ele, com o intuito de, cada vez mais, abrasileirar seus textos.

José de Alencar (1829-1877) nasceu em Mecejana, Ceará no dia 1 de maio de 1829. Filho de José Martiniano de Alencar, senador do império, e de Ana Josefina. Em 1838 mudam-se para o Rio de Janeiro. Com 10 anos de idade ingressa no Colégio de Instrução Elementar. Com 14 anos vai para São Paulo, onde termina o curso secundário e ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Em 1847 escreve seu primeiro romance “Os Contrabandistas”. Em 1850 conclui o curso de Direito. Pouco exerceu a profissão. Ingressou no Correio Mercantil em 1854. Na seção “Ao Correr da Pena” escreve os acontecimentos sociais, as estreias de peças teatrais, os novos livros e as questões políticas. Em 1856 passa a ser o redator chefe do Diário do Rio de Janeiro, onde em 1 de janeiro de 1857 publica o romance “O Guarani”, em forma de folhetim, alcançando enorme sucesso, e logo é editado em livro.

Em 1858 abandona o jornalismo para ser chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, onde chega à Consultoria. Recebe o título de Conselheiro. Nessa mesma época é professor de Direito Mercantil. Foi eleito deputado pelo Ceará em 1861, pelo partido Conservador, sendo reeleito em quatro legislaturas. Na visita a sua terra Natal, se encanta com a lenda de “Iracema”, e a transforma em livro.

Famoso, a ponto de ser aclamado por Machado de Assis como “o chefe da literatura nacional”, José de Alencar morreu aos 48 anos no Rio de Janeiro vítima da tuberculose, em 12 de dezembro de 1877, deixando seis filhos, inclusive Mário de Alencar, que seguiria a carreira de letras do pai.

Fonte: http://www.e-biografias.net/jose_alencar/

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Lya Luft

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Lya Luft
Nasceu em Santa Cruz do Sul, onde a maioria das crianças falava alemão. Depois estudou em Porto Alegre (RS), onde se formou em pedagogia e letras anglo-germânicas. Traduziu para o português mais de cem livros, incluindo obras de Virginia Wolf, Reiner Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass e Thomas Mann.

Conheceu seu primeiro marido, Celso Pedro Luft, quando tinha 21 anos. Com ele teve três filhos: Suzana, em 1965; André, em 1966; e Eduardo, em 1969.

Os primeiros poemas de Lya Luft foram reunidos no livro “Canções de Limiar” (1964). Em 1972 lançou o livro de poemas “Flauta Doce”. Em 1976, escreveu alguns contos e enviou para Pedro Paulo Sena Madureira, que era então editor da Nova Fronteira.

Pedro Paulo respondeu dizendo que os contos eram todos “publicáveis”, mas aconselhou Lya a escrever um romance. Em 1978, ela lançou seu primeiro livro de contos, “Matéria do Cotidiano”.

A ficção entrou em sua vida dois anos depois de um acidente automobilístico quase fatal em 1979. Como se sentiu próxima da morte, diz a autora que começou a fazer tudo que evitava. Primeiro foi o lançamento de “As Parceiras”, em 1980, e depois “A Asa Esquerda do Anjo”, em 1981.

Em 1985, aos 47 anos, separou-se de Celso Pedro Luft e foi viver com o psicanalista e escritor Hélio Pellegrino, que morreu três anos depois. Em 1992 voltou a casar-se com o primeiro marido, de quem ficou viúva em 1995. A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais. Diz que não escreve exclusivamente sobre mulheres, mas que escreve sobre tudo o que a assombra.

Em 1982 publicou “Reunião de Família” e em 1984 outros dois livros: “O Quarto Fechado” (lançado nos EUA sob o título “The Island of the Dead”) e “Mulher no Palco”.

Em 1987 lançou “Exílio”; em 1989 o livro de poemas “O Lado Fatal”, e em 1996, o premiado “O Rio do Meio” (ensaios). Em 1997, em “Secreta Mirada”, discorreu sobre temas como a vida, a morte, o medo da perda, o amor e a maturidade. Em 1999, a escritora lançou o livro “O Ponto Cego”. No ano 2000, “Mar de dentro” e “Histórias do tempo” e, em 2003, tornou-se uma best-seller com “Perdas e ganhos”. Em 2008, publicou “O Silêncio dos Amantes”, volume de contos.

http://educacao.uol.com.br/biografias/lya-luft.jhtm

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Ariano Suassuna

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Nascido no dia 16 de junho de 1927 em Nossa Senhora das Neves, na Paraíba, onde hoje se localiza João Pessoa, Ariano Vilar Suassuna é um dos autores nordestinos mais famosos. Filho de Cássia Vilar e João Suassuna, Ariano e sua família saem de sua cidade natal quando ele ainda era um bebê e vão morar no sertão.

Na Revolução de 30 ele perde o pai, o mesmo é assassinado no Rio de Janeiro por motivos políticos, após isso sua mãe e seus se mudam para Taperoá, no interior do estado, onde ficou até 1937. Foi em Taperoá que Suassuna iniciou os estudos e teve a oportunidade de conhecer a cultura da região. Lá assistiu pela primeira vez uma apresentação de mamulengos e uma improvisação de viola.

Em 1943 se mudou para Recife, estudou no Ginásio Pernambucano e no Colégio Osvaldo Cruz. Nessa época ela ainda não havia entrado na faculdade, porém seus primeiros textos já eram publicados nos jornais da cidade. Em 1946 entrou na Faculdade de Direito, lá conheceu Hermilo Borba Filho, que era um dos líderes dos grupos de jovens escritores e artistas. Foi junto com Hermilio que fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco.

Um ano depois ele cria sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Com esta peça ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno. Mais um ano após, em 1948, cria a peça Cantam as Harpas de Sião. E no ano seguinte, Os Homens de Barro.

GRADUAÇÃO

Em 1950, formou-se em Direito e passou a atuar como advogado, recebeu o prêmio Martins Pena pelo Auto de João da Cruz. Em 1951 ficou doente e para se tratar da doença pulmonar voltou a morar em Taperoá, onde escreveu e montou a peça Torturas de um Coração. Um ano depois Ariano volta a morar em Recife, lá ele dedica-se à advocacia e ao teatro. Em 1953 ele cria O Castigo da Soberba, no ano seguinte O Rico Avarento e em 1955 ele cria O Auto da Compadecida, essa é uma de suas obras mais conhecidas, em 1957 foi encenada pelo Teatro Adolescente do Recife e conquistou a medalha de oura da Associação Brasileira de Críticos Teatrais.

Essa peça fez tanto sucesso que foi traduzida e representada em vários países além de ter sido adaptada para o cinema, que foi outro grande sucesso. No ano de 1956, Ariano abandonou a advocacia e passou a lecionar aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte sua peça O Casamento Suspeitoso foi encenada em São Paulo pela Cia. Sérgio Cardoso.Ainda em 1957, mais precisamente no dia 19 de janeiro, casou-se com Zélia de Andrade Lima, com ela teve seis filhos. A peça O Santo e a Porca também foi encenada este ano pela Cia. Sérgio Cardoso.

Em 1958, foi encenada a peça O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna, em 1959 A Pena e a Lei, que foi premiada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro. Ainda neste ano, fundou o Teatro Popular do Nordeste, junto a Hermilo Borba filho. Montou a peça A Farsa da Boa Preguiça, em 1960 e A Caseira e a Catarina em 1962. Em 1967 se tornou membro fundador do Conselho Federal de Cultura, permaneceu lá de 1967 a 1973, no ano de 68 fez parte do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco, onde permaneceu até 1972. E em 1969, foi nomeado pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco, ficando neste cargo até 1974.

NORDESTE

Um ano após ser nomeado diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE, ele inicia o Movimento Armorial, o objetivo desse movimento era valorizar e tornar mais evidente os vários aspectos da cultura do Nordeste brasileiro, desenvolvendo todas as formas de expressão populares da região. Ariano convidou músicos muito conhecidos da época para participar deste movimento e no dia 18 de outubro de 1970, aconteceu um concerto em Recife, Igreja de São Pedro dos Clérigos, “Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” onde os músicos convidados tocaram e ainda neste evento houve uma exposição de gravura, pintura e escultura.

SEUS ROMANCES

Em 1971 iniciou sua trilogia com o livro O Romance d’A Pedra do Reino e O Príncipe do Sangue que vai-e-volta, o terceiro livro foi lançado em 1976, História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana. Essa trilogia foi classificada por ele como “romance armorial-popular brasileiro”. Os dois primeiros romances dessa trilogia foram relançados em 2005 e essa segunda edição esgotou completamente em menos de um mês, algo surpreendente, pois este volume possuía quase 800 páginas. Em 1975 foi nomeado Secretário de Educação e Cultura do Recife, onde permaneceu até 1978. Fez doutorado em História pela UFPE em 1976 onde defendeu a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Foi professor por mais de 30 anos, e neste tempo ensinou Estética e Teoria do Teatro, Literatura Brasileira e História da Cultura Brasileira. No ano de 1990, Ariano passou a ocupar a cadeira de nº 32 na Academia Brasileira de Letras, três anos depois foi eleito para a cadeira nº 18 da Academia Pernambucana de Letras. Em 1994 ele se aposenta pela UFPE e em seguida se torna Secretário de Assuntos ao Governador de Pernambuco, Eduardo Campos. E em 2000, passou a ocupar a cadeira de nº 35 da Academia Paraibana de Letras.

Curiosidade

Ariano construiu em São José do Belmonte, no estado de Pernambuco, local onde ocorre a cavalgada inspirada em seu primeiro romance, um santuário ao ar livre. Este santuário possui 16 esculturas de pedra, com aproximadamente 3,50 metros de altura cada uma, são distribuídas em um círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras imagens do santuário são Jesus, Nossa Senhora e São José, que é o padroeiro do município.

Curiosidade

Ariano construiu em São José do Belmonte, no estado de Pernambuco, local onde ocorre a cavalgada inspirada em seu primeiro romance, um santuário ao ar livre. Este santuário possui 16 esculturas de pedra, com aproximadamente 3,50 metros de altura cada uma, são distribuídas em um círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras imagens do santuário são Jesus, Nossa Senhora e São José, que é o padroeiro do município.

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Retirado de Estudo Prático

João Ubaldo de Oliveira

João Ubaldo de Oliveira

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Biografia de João Ubaldo Ribeiro:

João Ubaldo Ribeiro (1941) é escritor brasileiro. Membro da Academia Brasileira de Letras, ocupa a cadeira nº24. Recebeu o prêmio Camões em 2008. A exemplo de Jorge Amado, Ubaldo Ribeiro é um grande disseminador da cultura brasileira, sobretudo a baiana. Entre suas obras que fizeram grande sucesso encontram-se “Sargento Getúlio”, “Viva o Povo Brasileiro” e “O Sorriso do Lagarto”.

João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu em Itaparica, no dia 23 de janeiro de 1941, na casa do avô materno. Filho dos advogados Manuel Ribeiro e de Maria Filipa Osório Pimentel. Fez seus primeiros estudos em Aracaju no Instituto Ipiranga. Em 1951 ingressa no Colégio Estadual Atheneu Sergipense. Em 1955 muda-se para Salvador, e ingressa no Colégio da Bahia. Estudou francês e latim. Formou-se em Direito na Universidade da Bahia.

Seu primeiro romance foi “Setembro Não Tem Sentido”, publicado em 1963. Em 1964 recebe uma bolsa de estudos para cursar o mestrado em Administração Pública, na Universidade da Califórnia, Estados Unidos. De volta ao Brasil, leciona Ciência Política na Universidade Federal da Bahia, durante seis anos. Em 1969 casa-se com a historiadora Monica Maria Rotes, com quem teve duas filhas. Em 1980, casa-se com a fisioterapeuta Berenice Botelho. Juntos tiveram dois filhos.

Sua segunda obra “Sargento Getúlio”, publicado em 1971, lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Revelação de Autor, em 1972. A obra chegou ao cinema nos anos 80, protagonizada pelo ator Lima Duarte. Foi premiada em 1983. Em 1984, ganhou o Prêmio Jabuti com o romance “Viva o Povo Brasileiro”. O romance “O Sorriso do Lagarto” foi adaptado para uma minissérie na televisão.

João Ubaldo Ribeiro, a partir de 1994, passou sofrer de depressão, fez tratamento voltou a aparecer em público, em 1998. Em 1991, é eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 24.

Consulta: http://www.e-biografias.net

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Lygia Fagundes Telles

escritores brasileiros

Lygia Fagundes Telles nasceu em 19 de abril de 1923, na cidade de São Paulo. Durante a infância morou em diversas cidades do interior paulista.

Estudou no ginásio (atual Ensino Fundamental) no tradicional Instituto de Educação Caetano de Campos, na capital do estado. Profissionalmente, estreou como contista, em 1938, com a publicação do livro Porão e Sobrado financiada por seu pai.

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Em 1940, ingressou na Escola Superior de Educação Física. No ano seguinte, passou a cursar a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo. Na ocasião, freqüentou as rodas literárias paulistanas e conheceu intelectuais de destaque na época, como Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Paulo Emílio Salles Gomes, entre outros.

capa do livro Ciranda de Pedra Editora Rocco – 1998
Em 1953, casada com o jurista Goffredo da Silva Telles Jr., ex-professor da faculdade de Direito, Lygia dá a luz a seu filho, que recebe o nome do pai. No mesmo ano ela publica seu primeiro romance: Ciranda de Pedra. O livro é um marco em sua carreira literária, considerado por ela mesma como o ponto em que alcançou o amadurecimento artístico.

capa do livro As Meninas
Editora Rocco – 1998
Casou-se novamente, em 1963, com seu professor Paulo Emílio Salles Gomes, escritor e fundador da Cinemateca Brasileira.

Em 1973 Lygia publica seu terceiro romance, As Meninas, e ganha todos os prêmios literários de importância no país.

Com inúmeras obras publicadas, entre contos e romances, e dezenas de prêmios e condecorações, Lygia Fagundes Telles foi a terceira mulher a tomar posse na Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira número 16 desde maio de 1987.

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escritores brasileiros

Rachel de Queiroz

rachel de queiroz

nasceu em Fortaleza – CE, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendendo, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna — “dona Miliquinha” — era prima José de Alencar, autor  de “O Guarani“), e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas em Quixadá, onde residiam e seu pai era Juiz de Direito nessa época.

Em 1913, voltam a Fortaleza, face à nomeação de seu pai para o cargo de promotor. Após um ano no cargo, ele pede demissão e vai lecionar Geografia no Liceu. Dedica-se pessoalmente à educação de Rachel, ensinando-a a ler, cavalgar e a nadar. As cinco anos a escritora leu “Ubirajara“, de José de Alencar, “obviamente sem entender nada”, como gosta de frisar.

Fugindo dos horrores da seca de 1915, em julho de 1917 transfere-se com sua família para o Rio de Janeiro, fato esse que seria mais tarde aproveitado pela escritora como tema de seu livro de estréia, “O Quinze“.

Logo depois da chegada, em novembro, mudam-se para Belém do Pará, onde residem por dois anos. Retornam ao Ceará, inicialmente para Guaramiranga e depois Quixadá, onde Rachel é matriculada no curso normal, como interna do Colégio Imaculada Conceição, formando-se professora em 1925, aos 15 anos de idade. Sua formação escolar pára aí.

Rachel retorna à fazenda dos pais, em Quixadá. Dedica-se inteiramente à leitura, orientada por sua mãe, sempre atualizada com lançamento nacionais e estrangeiros, em especial os franceses. O constante ler estimula os primeiros escritos. Envergonhada, não mostrava seus textos a ninguém.

Em 1926, nasce sua irmã caçula, Maria Luiza. Os outros irmãos eram Roberto, Flávio e Luciano, já falecidos).

Com o pseudônimo de “Rita de Queluz” ela envia ao jornal “O Ceará“, em 1927, uma carta ironizando o concurso “Rainha dos Estudantes”, promovido por aquela publicação. O diretor do jornal, Júlio Ibiapina, amigo de seu pai, diante do sucesso da carta a convida para colaborar com o veículo. Três anos depois, ironicamente, quando exercia as funções de professora substituta de História no colégio onde havia se formado, Rachel foi eleita a “Rainha dos Estudantes”. Com a presença do Governador do Estado, a festa da coroação tinha andamento quando chega a notícia do assassinato de João Pessoa. Joga a coroa no chão e deixa às pressas o local, com uma única explicação “Sou repórter”.

Seu pai adquiri o Sítio do Pici, perto de Fortaleza, para onde a família se transfere. Sua colaboração em “O Ceará” torna-se regular. Publica o folhetim “História de um nome” — sobre as várias encarnações de uma tal Rachel — e organiza a página de literatura do jornal.

Submetida a rígido tratamento de saúde, em 1930, face a uma congestão pulmonar e suspeita de tuberculose, a autora se vê obrigada a fazer repouso e resolve escrever “um livro sobre a seca”. “O Quinze” — romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca — é mostrado aos pais, que decidem “emprestar” o dinheiro para sua edição, que é publicada em agosto com uma tiragem de mil exemplares. Diante da reação reticente dos críticos cearenses, remete o livro para o Rio de Janeiro e São Paulo, sendo elogiado por Augusto Frederico Schmidt e Mário de Andrade. O livro logo transformaria Rachel numa personalidade literária. Com o dinheiro da venda dos exemplares, a escritora “paga” o empréstimo dos pais.

Em março de 1931, recebe no Rio de Janeiro o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha, mantida pelo escritor, em companhia de Murilo Mendes (poesia) e Cícero Dias (pintura). Conhece integrantes do Partido Comunista; de volta a Fortaleza ajuda a fundar o PC cearense.

Casa-se com o poeta bissexto José Auto da Cruz Oliveira, em 1932. É fichada como “agitadora comunista” pela polícia política de Pernambuco. Seu segundo romance, “João Miguel“, estava pronto para ser levado ao editor quando a autora é informada de que deveria submetê-lo a um comitê antes de publicá-lo. Semanas depois, em uma reunião no cais do porto do Rio de Janeiro, é informada de que seu livro não fora aprovado pelo PC, porque nele um operário mata outro. Fingindo concordar, Rachel pega os originais de volta e, depois de dizer que não via no partido autoridade para censurar sua obra, foge do local “em desabalada carreira”, rompendo com o Partido Comunista.

Publica o livro pela editora Schmidt, do Rio, e muda-se para São Paulo, onde se aproxima do grupo trotskista.

Nasce, em Fortaleza, no ano de 1933, sua filha Clotilde.

Muda-se para Maceió, em 1935, onde faz amizade com Jorge de Lima, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Aproxima-se, também, do jornalista Arnon de Mello (pai do futuro presidente da República, Fernando Collor, que a agraciou com a Ordem Nacional do Mérito). Sua filha morre aos 18 meses, vítima de septicemia.

O lançamento do romance “Caminho de Pedras“, pela José Olympio – Rio, se dá em 1937, que seria sua editora até 1992. Com a decretação do Estado Novo, seus livros são queimados em Salvador – BA, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, sob a acusação de subversivos. Permanece detida, por três meses, na sala de cinema do quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza.

Em 1939, separa-se de seu marido e muda-se para o Rio, onde publica seu quarto romance, “As Três Marias“.

Por intermédio de seu primo, o médico e escritor Pedro Nava, em 1940 conhece o também médico Oyama de Macedo, com quem passa a viver. O casamento duraria até à morte do marido, em 1982. A notícia de que uma picareta de quebrar gelo, por ordem de Stalin, havia esmigalhado o crânio de Trótski faz com que ela se afaste da esquerda.

Deixa de colaborar, em 1944, com os jornais “Correio da Manhã“, “O Jornal” e “Diário da Tarde“, passando a ser cronista exclusiva da revista “O Cruzeiro“, onde permanece até 1975.

Estabelece residência na Ilha do Governador, em 1945.

Seu pai vem a falecer em 1948, ano em que publica “A Donzela e a Moura Torta“. No ano de 1950, escreve em quarenta edições da revista “O Cruzeiro” o folhetim “O Galo de Ouro“.

Sua primeira peça para o teatro, “Lampião“, é montada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e no Teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, no ano de 1953. É agraciada, pela montagem paulista, com o Prêmio Saci, conferido pelo jornal “O Estado de São Paulo“.

Recebe, da Academia Brasileira de Letras, em 1957, o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.

Em 1958, publica a peça “A beata Maria do Egito“, montada no Teatro Serrador, no Rio, tendo no papel-título a atriz Glauce Rocha.

O presidente da República, Jânio Quadros, a convida para ocupar o cargo de ministra da Educação, que é recusado. Na época, justificando sua decisão, teria dito: “Sou apenas jornalista e gostaria de continuar sendo apenas jornalista.”

O livro “As Três Marias”, com ilustrações de Aldemir Martins, em tradução inglesa, é lançado pela University of Texas Press, em 1964.

O golpe militar de 1964 teve em Rachel uma colaboradora, que “conspirou” a favor da deposição do presidente João Goulart.

O presidente general Humberto de Alencar Castelo Branco, seu conterrâneo e aparentado, no ano de 1966 a nomeia para ser delegada do Brasil na 21ª. Sessão da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, junto à Comissão dos Direitos do Homem.

Passa a integrar o Conselho Federal de Cultura, em 1967, e lá ficaria até 1985. Depois de visitar a escritora na Fazenda Não me Deixes, em Quixadá, o presidente Castelo Branco morre em desastre aéreo.

Estréia na literatura infanto-juvenil, em 1969, com “O Menino Mágico“, em 1969.

No ano de 1975, publica o romance “Dôra, Doralina“.

Em 1977, por 23 votos a 15, e um em branco, Rachel de Queiroz vence o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e torna-se a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras. A eleição acontece no dia 04 de agosto e a posse, em 04 de novembro.  Ocupa a cadeira número 5, fundada por Raimundo Correia, tendo como patrono Bernardo Guimarães e ocupada sucessivamente pelo médico Oswaldo Cruz, o poeta Aluísio de Castro e o jurista, crítico e jornalista Cândido Mota Filho.

Seu livro, “O Quinze“, é publicado no Japão pela editora Shinsekaisha e na Alemanha pela Suhrkamp, em 1978.

Em 1980, a editora francesa Stock lança “Dôra, Doralina“. Estréia da Rede Globo de Televisão a novela “As Três Marias“, baseada no romance homônimo da escritora.

Com direção de Perry Salles, estréia no cinema a adaptação de “Dôra, Doralina“, em 1981.

Em 1985, é inaugurada em Ramat-Gau, Tel Aviv (Israel), a creche “Casa deRachel de Queiroz“. “O Galo de Ouro” é publicado em livro. 

Retorna à literatura infantil, em 1986, com “Cafute & Perna-de-Pau“.

A José Olympio Editora lança, em 1989, sua “Obra Reunida“, em cinco volumes, com todos os livros que Rachel publicara até então destinados ao público adulto.

Segundo notícia que circulou em 1991, a Editora Siciliano, de São Paulo, pagou US$150.000,00 pelos direitos de publicação da obra completa de Rachel.

Já na nova editora, lança em 1992 o romance “Memorial de Maria Moura“.

Em 1993, recebe dos governos do Brasil e de Portugal, o Prêmio Camões e da União Brasileira de Escritores, o Juca Pato. A Siciliano inicia o relançamento de sua obra completa.

1994 marca a estréia, na Rede Globo de Televisão, da minissérie “Memorial de Maria Moura“, adaptada da obra da escritora. Tendo no papel principal a atriz Glória Pires, notícias dão conta que Rachel recebeu a quantia de US$50.000,00 de direitos autorais.

Inicia seu livro de memórias, em 1995, escrito em colaboração com a irmã Maria Luiza, que é publicado posteriormente com o título “Tantos anos“.

Pelo conjunto de sua obra, em 1996, recebe o Prêmio Moinho Santista.

Em 2000, é publicado “Não me Deixes — Suas histórias e sua cozinha”, em colaboração com sua irmã, Maria Luiza.

Em novembro deste ano, quando a escritora completou 90 anos de idade, foi inaugurada, na Academia Brasileira de Letras, a exposição “Viva Rachel“. São 17 painéis e um ensaio fotográfico de Eduardo Simões resumindo o que os organizadores da mostra chamam de “geografia interior de Rachel, suas lembranças e a paisagem que inspirou a sua obra”.

Rachel de Queiroz chega aos 90 anos afirmando que não gosta de escrever e o faz para se sustentar. Ela lembra que começou a escrever para jornais aos 19 anos e nunca mais parou, embora considere pequeno o número de livros que publicou. “Para mim, foram só cinco, (além de O Quinze, As Três Marias, Dôra, Doralina, O Galo de Ouro e Memorial de Maria Moura)pois os outros eram compilações de crônicas que fiz para a imprensa, sem muito prazer de escrever, mas porque precisava sustentar-me”, recorda ela. “Na verdade, eu não gosto de escrever e se eu morrer agora, não vão encontrar nada inédito na minha casa”.

Recebe, em 06-12-2000, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Em 2003, é inaugurado em Quixadá (CE), o Centro Cultural Rachel de Queiroz.

Faleceu, dormindo em sua rede, no dia 04-11-2003, na cidade do Rio de Janeiro. Deixou, aguardando publicação, o livro “Visões: Maurício Albano e Rachel de Queiroz”, uma fusão de imagens do Ceará fotografadas por Maurício com textos de Rachel de Queiroz.

Obras:

Individuais:

– Romances:

– O quinze (1930)
– João Miguel (1932)
– Caminho de pedras (1937)
– As três Marias (1939)
– Dôra, Doralina (1975)
– O galo de ouro (1985) – folhetim na revista ” O Cruzeiro”, (1950)
– Obra reunida (1989)
– Memorial de Maria Moura (1992)

– Literatura Infanto-Juvenil:

– O menino mágico (1969)
– Cafute & Pena-de-Prata (1986)
– Andira (1992)
– Cenas brasileiras – Para gostar de ler 17.

– Teatro:

– Lampião (1953)
– A beata Maria do Egito (1958)
– Teatro (1995)
– O padrezinho santo (inédita)
– A sereia voadora (inédita)

– Crônica:

– A donzela e a moura torta (1948);
– 100 Crônicas escolhidas (1958)
– O brasileiro perplexo (1964)
– O caçador de tatu (1967)
– As menininhas e outras crônicas (1976)
– O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
– Mapinguari (1964)
– As terras ásperas (1993)
– O homem e o tempo (74 crônicas escolhidas}
– A longa vida que já vivemos
– Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas
– Cenas brasileiras
– Xerimbabo (ilustrações de Graça Lima)
– Falso mar, falso mundo – 89 crônicas escolhidas (2002)

– Antologias:

– Três romances (1948)

– Quatro romances (1960) (O Quinze, João Miguel, Caminho de Pedras,
As três Marias)

– Seleta (1973) – organização de Paulo Rónai

– Livros em parceria:

– Brandão entre o mar e o amor (romance – 1942) – com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Jorge Amado.

– O mistério dos MMM (romance policial – 1962) – Com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Jorge Amado, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa.

– Luís e Maria (cartilha de alfabetização de adultos – 1971) – Com Marion Vilas Boas Sá Rego.

– Meu livro de Brasil (Educação Moral e Cívica – 1º. Grau, Volumes 3, 4 e 5 – 1971) – Com Nilda Bethlem.

– O nosso Ceará (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), relato, 1994.

– Tantos anos (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), auto-biografia, 1998.

– O Não Me Deixes – Suas Histórias e Sua Cozinha (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), 2000.

Raquel de Queiroz também fazia traduções de obras de escritores famosos.

Os dados acima foram obtidos em livros de e sobre a autora, sites da Internet, jornais e revistas de circulação nacional. PROJETOS RELEITURAS

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                             Machado de Assis – Última Parte – Por Luiz Augusto Fischer

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A parte bem documentada de sua vida, aquela que tem a ver com o que escreveu, começa aos 15 anos: nessa idade aparecem seus textos, primeiro poemas (todo mundo queria ser poeta em 1854, ele com 15 anos, auge do Romantismo), depois crítica literária e teatral. Nessa obra inicial se percebe já o metódico de sua atuação: Machado dá sempre a impressão de compensar com esforço e organização os aspectos arbitrários da vida. A poesia desse período não traz novidade, mas as crônicas e os ensaios sim, porque mostram o jovem intelectualmente impetuoso, dotado de um notável desejo de consertar o mundo – ele quer teatro mais sério, recusando as grosserias do que nós chamaríamos de “pastelão”; ele quer o jornal como um meio de educação cívica do leitor; ele quer uma literatura envolvida com a vida do povo de seu país e de seu tempo. Tais idéias foram, de certa forma, mantidas ao longo da vida; mas o ímpeto arrefeceu, e aquele jovem de texto combativo deu lugar a um ironista que, como um personagem seu, tinha “tédio à controvérsia”.

De todo modo, antes dos 18 anos já o encontramos trabalhando, algum tempo como caixeiro no comércio, depois como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional. Daí por diante vamos encontrá-lo sempre metido em trabalhos letrados, atuando como revisor de editora e de jornal, como jornalista mesmo, e mais tarde ainda como funcionário público no campo administrativo. Uma figura imprescindível em sua vida, na altura dos 17 anos, é Francisco de Paula Brito: editor, jornalista e, mais que isso, animador cultural, tinha idade para ser pai de Machado de Assis, e de certa forma foi seu tutor, nesse começo de vida intelectual. Mulato e defensor do fim dos preconceitos, Paula Brito reunia intelectuais e escritores, oferecendo em sua loja um raro ponto de encontro cultural na cidade, que serviu para Machado, o jovem pobre e esforçado, enturmar-se com gente já importante no mundo das letras e com jovens promissores, como Casimiro de Abreu. O jovem Joaquim Maria vive, assim, nas duas pontas do processo intelectual, como funcionário técnico (tipógrafo e revisor) e como autor. Ao contrário de gente como José de Alencar ou Casimiro de Abreu, escritores de família abastada, Machado só podia mesmo era trabalhar, duro e bastante.

O Rio de Janeiro de sua infância se modifica muito, com o passar do tempo. A cidade imunda dos anos 1830 conhece um surto de desenvolvimento forte com o auge da produção do café, nos anos 1850, momento que se acompanha de uma intensa sofisticação dos hábitos culturais da cidade, incluindo jornais novos, editoras, livrarias, teatro, música. A partir de 1870, começam a crescer duas campanhas que empolgaram as pessoas sensíveis: a luta pela Abolição e a batalha pela República. Na virada do século, no final da vida de Machado, a cidade conhece uma revolução urbanística, que modificou radicalmente o Centro e a antiga Zona Sul, derrubando casebres e construções coloniais para dar lugar a prédios de arquitetura requintada, na intenção de tornar o Rio uma metrópole modernizada, uma cidade que queria pensar-se como européia, ainda que mantivesse na miséria dezenas de milhares de ex-escravos e pobres em geral.

Enquanto isso, Machado trabalhava, o tempo todo. Nem pensava em folgas, e quase nunca tirava férias. O período mais longo de repouso aconteceu por força de doença: na altura de seus 40 anos teve uma crise que apareceu como um problema nos olhos (ele temeu ficar cego); pela mesma época, manifestou-se duramente a epilepsia, que já o acometia e que o acompanharia para sempre (parece haver relação entre as duas coisas, a cegueira temporária e a epilepsia). Por sorte, já estava casado com Carolina Xavier de Novais, uma mulher muito culta, portuguesa, que seria sua companhia até o fim da vida (ela morreu em 1904, e ele quatro anos depois). Estando acamado por aquela crise de saúde, foi para Carolina que ele ditou os primeiros capítulos da obra que marcaria uma tremenda mudança em sua escritura: as Memórias póstumas de Brás Cubas. Talvez essa crise de saúde tenha sido um motor, assim, para a radicalidade com que Machado forçou os limites da narrativa que até então praticara, dando lugar a uma estratégia de grande inventividade e incrível força crítica: um morto, Brás Cubas, resolve contar coisas sobre sua vida; e, como está morto, não precisa preservar nada, ninguém.

Em 1867 recebe uma comenda do Imperador (cavaleiro da Ordem da Rosa), o que indica seu relativo prestígio social, e entra para o serviço público, emprego estável e bem pago, o que deve ter sido uma bênção para quem vinha de baixo e queria ter condições de escrever criativamente. No ano seguinte, conheceu Carolina, e mais um ano depois, aos 30 anos, casa com ela. Daí por diante sua vida pessoal vai ser bastante serena: um casamento que parece ter sido muito amoroso e certamente foi produtivo para suas pretensões intelectuais e artísticas, junto com uma carreira funcional ascendente, que vai culminar na destacada condição de Diretor-Geral de Ministério. Não tira férias longas, não pára de trabalhar, nem se aposenta. No ano de 1908, que marcará a edição de seu último e magnífico romance Memorial de Aires (poucos meses antes de sua própria morte), Machado licencia-se para tratar da saúde, que já andava precária. Tinha 69 anos, uma vasta e já reconhecida obra, e uma carreira exemplarmente bem sucedida na burocracia do serviço público.

Quase não dá para imaginar uma conciliação entre essa serena e metódica figura com o criativo e ousado escritor que sacudiu a serenidade do romance de amor em Dom Casmurro (1900) ao inscrever nas entrelinhas o vírus letal do ciúme, a terrível sensação de traição que Bento Santiago alimenta a respeito de sua própria esposa, Capitu. É quase impossível imaginar que um sujeito tão afastado de preocupações menores, tão distante dos arroubos nacionalistas que comoveram os de sua geração (tanto em sua juventude, com a moda indianista dos anos 1850 e 1860, quanto em sua maturidade, no episódio da luta pela República, nos anos 1880), um sujeito tão cosmopolita, fosse também um indivíduo tão pouco viajado. Como se sabe, mas custa crer, Machado nunca foi ao exterior, e o limite de suas andanças brasileiras foi Petrópolis e Vassouras, no estado do Rio, e Barbacena, já em Minas, cidades bastante próximas da capital federal de então.

Machado foi um elegante. De tudo que dele se sabe, nunca usou expedientes escusos para encontrar seu lugar na sociedade brasileira ou na literatura de seu país. Não teve padrinhos a quem pudesse recorrer para conseguir favores ou subir posições sociais; não praticou as mesquinharias tão comuns no mundo artístico como plataforma para firmar-se na opinião pública. Tudo leva a crer que se trata, realmente de um raro caso de cidadão brasileiro que veio muito de baixo e subiu por méritos próprios, sendo simultaneamente um artista de grande poder crítico. Essa trajetória autônoma mais se salienta se levarmos em conta que seus pais e avós viveram, pelo menos em parte de suas vidas, na dependência de alguém bem posicionado socialmente, precisando de algum favor.

É certo que ele, como sua cidade e o mundo, foi mudando ao longo do tempo. Em traços largos, pode-se dizer que Machado principia sua carreira como jornalista, poeta e dramaturgo, atividades que se desenvolvem ao longo dos anos 1860, época em que também faz algumas traduções do francês. Nos anos 1870, continua praticando poesia, mas vai deixando o drama e o jornalismo para concentrar suas atenções na crítica – nesses anos escreve um conjunto apreciável de ensaios ainda hoje interessantes – e na prosa narrativa. Depois de 1880, vai praticamente abandonar poesia e crítica para dedicar mais atenção à narrativa, em romances e contos, e à crônica, gênero que ele elevou a patamares inéditos. Quanto à visão de mundo, pode-se dizer que nosso autor passa de um liberalismo acentuado na juventude para uma posição cada vez mais desiludida e cética, motivo de fundo de sua ironia constante, aguda e sutil. Dá a impressão de que foi afinando seus instrumentos de análise da sociedade brasileira, o que lhe permite partir de uma visão relativamente ingênua e atingir essa condição superiormente irônica, ao mesmo tempo crítica, cética e radicalmente humana.

Joaquim Maria Machado de Assis, muitas vezes referido com o apelido “Bruxo do Cosme Velho” – “bruxo” pela inventividade, por aquela espécie de feitiço que se encontra na obra dos grandes artistas, “Cosme Velho” por ser este o bairro do Rio de Janeiro em que ele viveu os últimos anos de sua vida –, não teve filhos, como aliás boa parte de seus maiores personagens: Brás Cubas, Quincas Borba, Bento Santiago, os gêmeos Pedro e Paulo, o conselheiro Aires. Debilitado, mas reconhecido no mundo intelectual, morreu no dia 29 de setembro de 1908. Por determinação expressa deixada antes da morte, foi enterrado no mesmo jazigo em que estava, fazia quatro anos, sua amada Carolina.

Fonte: http://www.lpm.com.br/site/default.asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=806630

Monteiro Lobato

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MONTEIRO LOBATO

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Monteiro Lobato (1882-1948) foi um escritor brasileiro. “O Sitio do Pica-P au Amarelo” é uma de suas obras de maior destaque na literatura infantil. Foi um dos primeiros autores de literatura infantil em nosso país e em toda América Latina. Tornou-se editor, criando a “Editora Monteiro Lobato” e mais tarde a “Companhia Editora Nacional”. Metade de suas obras é formada de literatura infantil.

Monteiro Lobato (1882-1948) nasceu em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882. Era filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato. Alfabetizado pela mãe, logo despertou o gosto pela leitura, lendo todos os livros infantis da biblioteca de seu avô o Visconde de Tremembé. Desde menino já mostrava seu temperamento irrequieto, escandalizou a sociedade quando se recusou fazer a primeira comunhão. Fez o curso secundário em Taubaté. Estudou no Instituto de Ciências e Letras de São Paulo.

Ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco na capital, em 1904. Na festa de formatura fez um discurso tão agressivo que vários professores, padres e bispos se retiraram da sala. Nesse mesmo ano voltou para Taubaté. Prestou concurso para a Promotoria Pública, assumindo o cargo na cidade de Areias, no Vale do Parnaíba, no ano de 1907.

Monteiro Lobato casou-se com Maria Pureza da Natividade, em 28 de março de 1908. Com ela teve quatro filhos, Marta (1909), Edgar (1910), Guilherme (1912) e Rute (1916). Paralelamente ao cargo de Promotor, escrevia para vários jornais e revistas, fazia desenhos e caricaturas. Ficou em Areias até 1911, quando muda-se para Taubaté, para a fazenda Buquira, deixada como herança pelo seu avô.

No dia 12 de novembro de 1912, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma carta sua enviada à redação, intitulada “Velha Praga”, onde destaca a ignorância do caboclo, criticando as queimadas e que a miséria tornava incapaz o desenvolvimento da agricultura na região. Sua carta foi publicada e causou grande polêmica. Mais tarde, publica novo artigo “Urupês”, onde aparece pela primeira vez o personagem “Jeca Tatu”.

Em 1917 vende a fazenda e vai morar em Caçapava, onde funda a revista “Paraíba”. Nos 12 números publicados, teve como colaboradores Coelho Neto, Olavo Bilac, Cassiano Ricardo entre outras importantes figuras da literatura. Muda-se para São Paulo, onde colabora para a “Revista do Brasil”. Em seguida compra a revista e a transforma em editora. Publica em 1917, seu primeiro livro “Urupês”, que esgota sucessivas tiragens. Transforma a Revista em centro de cultura e a editora numa rede de distribuição com mais de mil representantes.

No dia 20 de dezembro de 1917, publica no jornal O Estado de São Paulo, um artigo intitulado “Paranoia ou Mistificação?”, onde critica a exposição de Anita Malfatti, pintora paulista recém chegada da Europa. Estava criada uma polêmica, que acabou se transformando em estopim do movimento modernista.

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Monteiro Lobato, em sociedade com Octalles Marcondes Ferreira, funda a “Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato”. Com o racionamento de energia, a editora vai à falência. Vendem tudo e fundam a “Companhia Editora Nacional”. Lobato muda-se para o Rio de Janeiro e começa a publicar livros para crianças. Em 1921 publica “Narizinho Arrebitado”, livro de leitura para as escolas. A obra fez grande sucesso, o que levou o autor a prolongar as aventuras de seu personagem em outros livros girando todos ao redor do “Sítio do Picapau Amarelo”. Em 1927 é nomeado, por Washington Luís, adido comercial nos Estados Unidos, onde permanece até 1931.

Como escritor literário, Lobato destacou-se no gênero “conto”. O universo retratado, em geral são os vilarejos decadentes e as populações do Vale do Parnaíba, quando da crise do plantio do café. Em seu livro “Urupês”, que foi sua estreia na literatura, Lobato criou a figura do “Jeca Tatu”, símbolo do caipira brasileiro. As histórias do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, e seus habitantes, Emília, Dona Benta, Pedrinho, Tia Anastácia, Narizinho, Rabicó e tantos outros, misturam a realidade e a fantasia usando uma linguagem coloquial e acessível.

O livro “Caçadas de Pedrinho”, publicado em 1933, que faz parte do Programa Nacional Biblioteca na Escola, do Ministério da Educação, está sendo questionado pelo movimento negro, por conter “elementos racistas”. O livro relata a caçada a uma onça que está rondando o sítio. “É guerra e das boas, não vai escapar ninguém, nem tia Anastácia, que tem cara preta”.

José Renato Monteiro Lobato morreu no dia 5 de julho de 1948, de problemas cardíacos.

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Obras de Monteiro Lobato

Idéias de Jeca Tatu, conto, 1918 Urupês, conto, 1918 Cidades Mortas, conto, 1920 Negrinha, conto, 1920 O Saci, literatura infantil, 1921 Fábulas de Narizinho, literatura infantil, 1921 Narizinho Arrebitado, literatura infantil, 1921 O Marquês de Rabicó, literatura infantil, 1922 O Macaco que se fez Homem, romance, 1923 Mundo da Lua, romance, 1923 Caçadas de Hans Staden, literatura infantil, 1927 Peter Pan, literatura infantil, 1930 Reinações de Narizinho, literatura infantil, 1931 Viagem ao Céu, literatura infantil, 1931 Caçadas de Pedrinho, 1933 Emília no País da Gramática, literatura infantil, 1934 História das Invenções, literatura infantil, 1935 Memórias da Emília, literatura infantil, 1936 Histórias de Tia Nastácia, literatura infantil, 1937 Serões de Dona Benta, literatura infantil, 1937 O Picapau Amarelo, literatura infantil, 1939

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Fábulas de Monteiro Lobato

O Cavalo e o Burro A Coruja e a Águia O Lobo e o Cordeiro O Corvo e o Pavão A Formiga Má A Garça Velha As Duas Cachorras O Jaboti e a Peúva O Macaco e o Coelho O Rabo do Macaco Os Dois Burrinhos Os Dois Ladrões A caçada da Onça

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Jeca Tatu

É no livro “Urupês”, que Monteiro Lobato retrata a imagem do caipira brasileiro, onde destaca a pobreza e a ignorância do caboclo, que o tornava incapaz de auxiliar na agricultura. O Jeca Tatu é um flagrante do homem e da paisagem do interior. O personagem se tornou um símbolo nacionalista utilizado por Rui Barbosa em sua campanha presidencial de 1918. Na 4ª edição do livro, Lobato pede desculpas ao homem do interior.

Fonte: http://www.e-biografias.net/monteiro_lobato/

Monteiro Lobato

Jeca Tatu

Primeiro Sítio do Pica Pau da Rede Globo

Escritor brasileiro nascido em Taubaté, SP, expressão máxima da literatura infantil brasileira, também se tornou um dos personagens mais interessantes da história recente deste país. Advogado, logo depois promotor público abandonou o cargo e, por algum tempo, viveu na fazenda que herdara de seu avô. Foi nesta época que começou a publicar os primeiros contos no jornal O estado de São Paulo. Comprou a revista do Brasil (1917), foi colunista dela e nela editou sua primeira coletânea de contos, Urupês, criando o personagem Jeca Tatu. O livro trouxe-lhe finalmente a fama e, algum tempo depois, o grande autor passou a se dedicar à literatura infantil (1921), onde escreveu obras de grande imaginação, em que se valeu de grandes recursos ficcionais como veículos didáticos da matemática, da geografia, da história e ciências, entre eles Reinações de Narizinho (1921), O saci (1921) O marquês de Rabicó (1922) A caçada da onça (1924) Viagem ao céu (1932), Novas reinações de Narizinho (1933) O Pica-Pau Amarelo (1939), que fizeram a alegria e paixão de muitas gerações de crianças no Brasil. Essas histórias desenvolviam-se em um local imaginário, o sítio do Pica-Pau Amarelo, habitado por uma encantadora galeria de tipos como a irreverente Emília, o sentencioso Visconde de Sabugosa, a bondosa e disciplinadora Dona Benta, o Marquês de Rabicó, envolvidos com muitos personagens do folclore e lendas brasileiras. Na política foi caracterizado como um intelectual engajado na causa do nacionalismo

Alda Alves Barbosa.