Não estou cansada. O que está deixando o meu olhar sem brilho e minha boca sem o traço do riso é esse amontoado de desilusões que, com o passar do tempo, foram abraçando o meu ser. Dentro de mim habita o lixo das decepções. Morada não consentida, invadida.
Há em mim certo cansaço de tantas despedidas; Moram em mim as saudades dos inúmeros adeuses. Sinto falta da casa em que ninguém havia se despedido; sinto saudades do cheiro de comida espalhando por toda a casa; sinto saudades da madrugada, dos papéis, livros, cadernos e canetas que sempre estavam espalhados pela mesa da copa. Sim… sinto saudades de tudo e de todos que um dia ou muitos dias fizeram parte da minha existência. Existência que tem tempo determinado para existir!
Sou perecível… Somos perecíveis! Eu, você, nós. A vida existe agora. Pode não haver depois… Depois pode não haver sol, lua, madrugada, amanhã… E eu, depositária das desilusões, carregarei comigo o sepultamento da esperança.
E as máscaras cairão. Junto delas toda monotonia e desilusões que o giro da vida impinge a nós, pobres mortais!
Alda Alves Barbosa