Tarde chuvosa. Quero crer que dormi demais porque chovia. A natureza chorou para que eu pudesse descansar do mundo dos vivos. Muita pretensão! Não importa. Morri e ressuscitei. Ressuscitei? Acho que sim. Tenho o DNA da imaginação e por isso viajo pelas mãos dela. Todos os sentimentos que tive e tenho foram direcionados pelo imaginário.
E por isso tenho à minha mão todas as janelas que necessito: choro, rio, amo, desamo, morro, ressuscito… tudo obra do imaginar! Janelas benditas, malditas, mas janelas necessárias para que os relâmpagos risquem os céus, os trovões ecoem pelas montanhas, o céu chore lágrimas que eu não pude chorar! Janelas necessárias para que o vento passe e eu possa ir com ele para mundos desconhecidos… Janelas necessárias para que vá a procura da vida! Às vezes eu a perco! Mas tenho todas as janelas abertas para ir à sua procura .
Nem sempre a encontro. Deixo-a em paz. Sei que ela está necessitando desse afastamento para que seus sentidos, quase sempre em ebulição, descansem dessa energia que pulsa numa inquietação aterradora. Cavalgada alada!
Mas sinto falta dela… Horas longe da vida… dias que vivo sem ela são dias vazios, ocos, entardecidos. Perder-me de minha vida é perder a razão “de ser.” E por que desejo estar viva procuro-a nas asas dos sóis, das luas, nas noites mal iluminadas.
E encontro-a… para depois perdê-la!
Alda Alves Barbosa