Nada falaram do que era pra ser dito. Ela não disse, ela não falou. Ele acomodou-se àquela situação como não houvesse o intenso peso de algo estranho no ar. Misteriosamente ela já havia decorado o barulho dos seus passos. As palavras não foram expurgadas da sua mente, saltavam porém de breves olhares que causavam calafrios quando arrebatavam a alma. Mais uma vez ela se calou. Fazia sentada ao banco sobre o ceu azul, recortes de fotografias mentais de momentos que em sua mente prá lá de criativa, pareceram reais. Enquanto o tempo transcorria lentamente, dimensionava as reações dele como se fosse possível. Lacuna espaço-temporal… Ela agora morria de tédio ao ver suas figuras aos poucos se desfazerem em circunstâncias altamente previsíveis. O que a fazia tão singular era a vontade maluca de querer mesmo que momentaneamente, ser igual. Desajustamento na relação material entre as pessoas. Insistia em gritar no nada: “espaços vazios não me preenchem”. O perfume dele era mais volátil que sua ânsia de viver o não vivido. Tão volátil que a essa hora ela se sentia mais forte por ter que forçar a memória pra recordá-lo. De tudo o que restou foi o apreço a ninguém. A vontade de não sentir, a imensa vontade de calar. O corpo no entanto, transborda com petulância por se sentir aprisionado. De tudo que se foi, e certamente algo importante se foi, restou a loucura, o devaneio: “E se ela chora num quarto de hotel?” Havia desilusão – apesar de nunca ter existido ilusão. Uma desilusão incompreendida com um quê de reticências e não de ponto final.
Pra sorte ou azar de ambos…
Danielle Rezende
Dani, estou encantada com sua crônica. Vínculos que se perderam na ilusão da presença. A forma como você abordou a prisão do corpo na presença imaginada… O fim que não se deseja finalizar,; melhor as reticências… Sonhos e pesadelos nunca têm ponto final! É parte importante para que continuemos na vida! Beijos
Devaneios e mais devaneios né Bibinha? Mentes criativas, onde irão? Principalmente, onde irá Bia a atriz??? Mais maluca que essa certamente tá pra nascer!!!! Ouça a música Beatriz da Ana Carolina…
E onde chegará clarices e adélias e todas as outras mulheres rs!
Saudades demaaaaaais, beijos