Já não acompanho pela folhinha o passar da vida. Atrás da porta do meu quarto dormem eternamente os números ! Um hábito de décadas esquecido num átimo de tempo. Não restou nenhuma lembrança das coloridas flores bordadas no papel; não restou nenhuma lembrança dos santinhos – tão bonitinhos – estampados nos altares; folhinha do Sagrado Coração de Jesus – sacralidade dispensável…
Hoje vejo os dias passando no mecanismo descolorido e impessoal dos celulares. Descoloridos e distantes. Não consigo ser íntima do que me afasta do sonho.
Olhando para o previsível celular vi o ano passar. Dias que abraçados festejam o fim de mais um um ciclo de trezentos e sessenta e cinco dias. Sou péssima em matemática. Não aprecio números, mas gostaria tanto de substituir minhas décadas de existência pelos dias de respiro, claro, acrescentando um sinal de adição à cada dobra da noite. A soma dos dias faz parecer distante o fim da caminhada. Uma ilusão para ser adicionada à tantas outras!
Mas o que fazer se necessitamos tanto de comemorações? Comemorar o novo ano que já desponta; celebrar o nosso existir; repetir os mesmos desejos e agradecer a oportunidade de continuar na vida… Vemos oásis no deserto e fazemos promessas a nós mesmos, sabendo que não as cumpriremos. Breves momentos para festejar a vida que passa!
Timtim à nossa incompletude, ela é a culpada pelo nosso festejar! Timtim 2014! Bem-vindo! Traga para todos nós muita saúde, paz e amor… Ah, não esqueça o dinheiro no bolso! Mas não ouse nos completar: o bom da vida é sonhar a infinitude, é viver na busca eterna da realização dos sonhos… O bom da vida é o cansaço dos mistérios!
Timtim, meus amigos! Um ano feliz para todos vocês!