Dia 13 de dezembro de 2013. Avenida Governador Valadares em pleno “Sentimento Natalino”.
Unaí Municipal Chamber – A first world project for third world minds
Creio que muitas pessoas acreditam ter eu ultrapassado as barreiras dos limites. Não… Não ultrapassei. Apenas constatei que em Unaí, assim como em outras cidades brasileiras, o império da construção de prédios públicos (dos quais cada tijolo provém do bolso dos contribuintes), alicerça-se na criação de projetos grandiosos, faraônicos, que inibem o povo, donos dessas construções. Tão grandiosas são, que encolhem aqueles que as adentram, que se sentem ínfimos diante de tamanha ostentação. A casa do povo deixa de ser a casa do povo. Restam os lugares vazios diante da balbúrdia de quem fala e não é escutado por ninguém. E os donos da casa fogem de novo, deixam de acompanhar os mandos e desmandos, feitos e desfeitos e tudo flui sem a interferência dos verdadeiros patrões, que somos nós, o povo.
Mas fico aqui a pensar se vale a pena entrar e presenciar tantas propostas descabidas e tantos “nãos”, sem a consciência de que estão prejudicando profundamente o nosso comércio já tão sofrido pelos baixos salários, pelos parcos empregos e sem nenhuma perspectiva da Parmalat em Unaí, o que acarreta pouco poder de compra, é triste, incompreensível e quase irreversível.
Não me venha com aquela frase cliché de que “Natal não é presente, é o nascimento de Jesus”, lembremos que Jesus também ganhou presentes no primeiro de todos os Natais. Hoje, infelizmente, estamos numa época de consumismo exacerbado, fruto de mudanças sociais, morais, comportamentais, etc., e não há como viver no passado. O presente nos espera a cada manhã; a vida é aqui e agora, não tem retorno. Nesse contexto, o Natal passou de ser uma data religiosa para se tornar uma celebração do poder aquisitivo. Gostamos disso? Não. Mas temos que nos acostumar; o mundo vive em constante mudança e precisamos de coragem para correr atrás e entregar-nos a estas transições.
É pelo presente ser tão diferente do passado que não era o momento de dizer “NÃO” ao povo unaiense. Que “NÃO” foi esse? O “NÃO” para enfeitarmos as nossas ruas para o Natal, e o “NÃO” para as vendas no comércio. Aliás, este me preocupa. Como ficarão as vendas do comércio unaiense? Como ter entusiasmo para presentear seus familiares, seus amigos, tropeçando na escuridão oferecida pela CEMIG – a energia elétrica mais cara do país. Vovôs, vovós, titios, papais e mamães querem sair e ver o brilho natalino; as estrelas direcionando o caminhar de todos para enxergar e comprar belezas. Sem esse sentimento natalino proporcionado pelo nascimento de Cristo, e a sua comemoração por meio de enfeites e presentes, o comércio unaiense estará correndo grande risco de vender pouco ou quase nada, e de os impostos ficarem retidos na prateleira.
Alguns comprarão pela internet, outros irão para Paracatu (onde a decoração está lindíssima), para Brasília, onde o sentimento natalino está refletido em cada estrela que cai do céu, em cada árvore enfeitada, nativa do cerrado, em suas borboletas e bolas coloridas de arco-íris, e onde o dinheiro do décimo-terceiro será gasto de forma festiva, comemorando o nascimento de Jesus e agradecendo ao Pai por ter olhos para ver. Tudo é tão claro, tão enfeitado, tão belo!
Portanto, unaienses, no próximo ano, procurem frequentar a Câmara dos Vereadores: esta é uma forma de conhecer quem está tecendo politicagens, e quem está realmente ali para representar-nos com dignidade.
Em tempo, a outra casa do povo está caindo aos pedaços. Décadas sem manutenção levaram a Prefeitura Municipal ao caos generalizado. Paredes sujas, goteiras escorrendo, eletricidade bastante questionável, computadores danificados; uma herança bastante triste.
Apesar de tamanha tristeza, eu, do Cerrado das Gerais, verei, do meu pequeno apartamento, a beleza que o Legislativo, com ajuda popular, nos presenteou. Vá lá para conferir! E por favor, fiquem atentos quando um projeto for para a câmara. O “NÃO” pode ocorrer novamente.
Nos escuros da Noite de Natal, desejo à todos vocês um natal com muita luz (na praça da prefeitura ou à luz de velas com suas famílias).
Alda Alves Barbosa