E a marcha nupcial ecoou pela igreja. A noiva, alvamente vestida, desfilava trêmula pelo espaço enfeitado de tapete vermelho para que seus pés não tocassem o chão. Noiva não pisa em terra firme, noiva voa…
Entre olhares e sussurros, aterrissou. Entregaram-na ao noivo.
Uma voz grave determina: ” O homem é a cabeça do casal… a mulher deve obedecer o marido… o marido deve amar a esposa…”. Fiquei com dó de mim, com dó de todas as mulheres. Fiquei com raiva dos super-humanos. Eles, tão frágeis, sempre necessitados de colo, de mulheres que os fortaleçam para que o discurso machista aconteça!
Ensurdeci… Cerimônia finalizada. A noiva direcionava às fotografias, a conversa, determinava o que fazer nos instantes seguintes. Não pude deixar de sorrir. Percebi que se existe cabeça de casal, ali, não era o noivo… A realidade é outra, mas as palavras continuam tão antigas!
Alda Alves Barbosa
Muito bom! Já assisti vários casamentos (sou o irmão mais novo de todos os outros casados) e o discurso se repete, sutil, mas ali, evidente. Cabeça? Ora, cabeça há nos corpos! Nos casais há companheirismo e divisão de atividades e decisões, sem isso, não dá!
Com certeza. Não pude deixar de rir e, sem refletir, comentei: “se ele, o homem, é a cabeça, a mulher é o rabo?” Algumas pessoas ouviram… Gostei!