Expressão do ser

     cronicas da dani

      Ultimamente Ana andava se sentindo muito só. Tinha a impressão de que seu ser se esvaziava à cada segundo. Aparentemente sem motivos, ou quem sabe internamente repleta deles, que a essa hora já transbordavam. E de tantas experiências de vida frustradas ao seu redor, criou pavor de escolhas. O mais engraçado, na realidade, irônico, é que esse pavor, na maioria das vezes, para não dizer todas, tinha muita firmeza e certeza do que de fato deixava seu coração em paz. O receio das consequências que suas escolhas poderiam ocasionar na sua vida a faziam titubear nas respostas, nas atitudes, no posicionamento com relação a tudo que a cercava. E novamente passaria uma imagem fragilizada, desprotegida. Talvez fosse verdade essa questão da proteção. Como uma pessoa tão dona de si, poderia se sentir desprotegida? Não tinha resposta para essa ou para outras milhares de perguntas que inevitavelmente rondavam sua cabeça.

     Desabafa Ana! Coloca pra fora o que ecoa aí dentro. A estrada que já passou, ainda hoje repercute no presente-futuro. Não devia ser assim, não podia continuar assim, ou pouco a pouco morreria! E para não sucumbir dizia as palavras da canção: “Eu que falei nem pensar, agora me arrependo roendo as unhas, frágeis testemunhas de um crime sem perdão…” Somos testemunhas desse crime sem perdão, agora só uma escolha: ou a dor do silêncio, ou o desespero na rendição das palavras.

       Será que as palavras libertam ou aprisionam? Onde iriam parar as palavras não ditas, mas pensadas com a força e a intensidade de um grito? Onde?… Acho que escorrem da mente com as lágrimas de alguns choros – aqueles que não têm por que!

Daniele Rezende

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