Eram dois não eram sós

 

cronicas-da-dani

Mia tinha essa mania de se preocupar demais com problemas dos outros. Talvez por sua outra eterna mania de não se achar atriz principal de sua própria história, era protagonista.  Assim se denominava, pois sempre pensava que devia estar pronta pra ajudar a quem quer que fosse, e dessa forma anulava sua própria vida. Às vezes se perguntava quem responderia ao seu suplício da mesma maneira… Mas ao mesmo tempo pensava que não precisava mesmo de muita ajuda de outros, afinal do palco da vida, a platéia mal pode ver  as marcas de sangue do protagonista. Seria assim tão bem resolvida que poderia distribuir ajudas e conselhos? Mero engano! Aliás, doloroso engano. Estava cansada de tentar se reorganizar todos os dias, e queria ao menos um pouquinho de estabilidade nas suas emoções. O seu quarto bagunçado e os trabalhos entregues em cima do prazo eram o reflexo evidente de sua desorganização sentimental. Arthur era o seu oposto. Alegria e organização em pessoa, reunia qualidades também como simpatia e gentileza, era como se dizia à moda antiga um “bon vivant!” O que faltava para as duas vidas era aquela união. Seriam dois e não mais seriam sós com seus defeitos e qualidades.  Uma noite e várias trocas de olhares depois, oportunizaram o surgimento daquele amor. Arthur não acreditava em acasos, buscava forças e fazia o que fosse para que seus sonhos e suas metas se realizassem. Mia era um tanto quanto passiva nesse sentido, como protagonista, esperava o momento em que algo de surpreendente acontecesse, mesmo sabendo que a vida não se da dessa maneira.  Era seu aniversário, e havia aproximadamente dois anos que o casal estava junto. A comemoração em um bar rústico, ao som de MPB, combinava perfeitamente com aquele vestido longo e estampado de costas de fora que tanto amava! Mia se enfeitou para seus amigos, e para seu amor, daquele dia em diante seria a atriz principal. Arthur com sua maneira peculiar de encarar a vida abriu espaço para que a verdadeira Mia surgisse, e acreditem, na realidade não era nem um pouco atônita ou passiva. O amor transforma!

Durante o resto de suas vidas, foram dois ancorados no cuidado um do outro e não mais foram sós com seus novos e antigos defeitos e qualidades.

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