Esse ouro semeado no chão eu conheço desde a mais tenra idade. Os quintais ficavam a espera do sinal do pranto do céu… Aí sim. Primeiras gotas choradas e derramadas no chão e a terra se abria com o toque da enxada tecendo o pocinho. Os grãos amarelos encontravam seu repouso: eram abraçados pela terra. O meu pé de milho! Milho pouco para um quintal quase grande. Mais pocinhos, mais ouro na terra. Mais abraços ternos. Com a ajuda de São Pedro as sementes empurrariam a terra .
O chão enverdeceria o quintal lamacento e logo os pés de milho ficariam enfeitados de bonecas. Bonecas desdentadas, cobertas com suas saias verdes atracadas ao corpo; cabelos vermelhos, amarelos, outras, mais frágeis, ressecavam com luz intensa do sol.
O momento triste era quando as dentaduras das espigas do milho estavam completas. Era a hora certa de arrancá-las dos braços das mães. Desnudavam-nas. A água fervente as aguardava no tacho sobre a chapa quente do fogão à lenha. Ali eu ficava aspirando o perfume da roça exalando da fervura!
“Senhor! Como a roça cheira bem!”