Porque o passado existe é que continuo sonhando. Dias nasceram, crepúsculos morreram… Ano Velho… Ano Novo… Eu sobrevivendo ao tempo porque o sonho não feneceu. Vinha da capital mineira. Eu o aguardava do outro lado da margem do córrego. Épocas “das águas!” O fio d’água transformou-se em rio cobrindo a pequena e frágil ponte de madeira. O abraço foi apertado. O eu te amo ecoado. O beijo intenso,braseante. As águas foram escorrendo, a ponte apareceu e nós, timidamente, nos abraçamos. Hoje, como todos os dias, estou comemorando meus vinte anos de vida. Ganhei de presente uma festa de aniversário, um relógio de ouro e uma aliança. Abraçada a ele, seu corpo colado ao meu fingimos dançar. Aspiro seu perfume, acaricio seu pescoço com minhas mãos jovens e ele murmura ao meu ouvido: “Falta pouco… E só a morte nos separará.”
Belo Horizonte continua existindo;
Estou enlaçada pelos braços dele;
Tenho vinte anos!
Alda Alves Barbosa