A noite despontou, e com ela, seus penduricalhos. Lá vem a Lua e suas amigas Estrelas deixar o que até então, era um breu sem fim, um misto de aconchego e vontade de iluminar caminhos de um jeito peculiar. Com um tom de indignação, percebo que rapidamente, acendo, apago lâmpadas por onde quer que eu passe. Quando foi a última vez que anoiteci e só… Sem intervenções elétricas demasiadamente práticas? Perdi mais um dia no tempo e na lembrança. Provavelmente essas divagações aqui não estariam essa semana, não fosse ela, e isso me seria incômodo. Estar diante algumas discussões à respeito da energia elétrica, me deixou encafifada.
O caso, é que sabemos que a energia é uma concessão pública, ou seja, o Estado fornece para uma determinada empresa, e esta vende para o povo. Como o modelo predominante é o hidrelétrico, os dados confirmam a existência de 45 mil barragens construídas e cerca de 80 milhões de pessoas atingidas no mundo todo; sendo que o Brasil apresenta 2000 barragens com aproximadamente 1.500.000 atingidos. Só em Minas Gerais, temos 400 barragens.
A energia se converte dessa maneira, na principal mercadoria mundial, pois há extração de lucro em todas as etapas, desde o seu planejamento, até sua comercialização. O preço da energia, nada mais é que um roubo. Os ” donos” da energia elétrica são grandes bancos e empresas mundiais, empresas do agronegócio, metalúrgicas e mineradoras. As grandes empresas que consomem muita energia, são as mesmas que pagam menos por esta, além de poluírem mais e gerarem menos empregos. E então quem paga pela diferença? A pergunta que não quer calar: “Para que e para quem é a energia?”
Me atenho a tais dados afim de gerar uma reflexão. Os inúmeros danos ambientais e impactos socioambientais, causados na construção de uma usina hidrelétrica são notáveis. Segundo pesquisadores, o que o Brasil produz atualmente é mais do que suficiente pra sua distribuição interna, sendo descartada qualquer possibilidade de desabastecimento do setor. As potencialidades das diferentes regiões brasileiras não são exploradas como deveriam, pois o extenso território, permite um pluralidade de alternativas viáveis como a energia eólica e solar, por exemplo. É… Ontem, dia 3 de setembro, comemorou-se o dia do Biólogo! Felicidades e muita sobriedade a todos esses profissionais, que assinam laudos e fazem relatórios para a aprovação da construção de uma usina. É tempo de reflexão, de novas idéias, dessa vez sem o click de uma lâmpada em cima da cabeça. Quem sabe com um plim de uma estrela? Pra que desenvolvimentismo ou discursos progressistas se o preço é pago com vidas!?
Danielle Rezende
A reflexão é muito interessante. Inúmeras vezes ligamos e desligamos lâmpadas sem perceber que aquela luz acesa pode representar muitas mortes, e mortes em todos aspectos da palavra.
Acredito no desenvolvimento, mas, como foi definido modernamente: desenvolvimento sustentável (desenvolve-se sem comprometer as futuras gerações, a natureza, enfim, A VIDA). Lembrando que desenvolvimento sustentável não representa ausência de desenvolvimento, muito menos desenvolvimento desenfreado.
Parabéns pelas ideias. Seu trabalho aqui tem sido fundamental para refletir sobre os problemas homemxnaturezaxmodernidade. Problemas que, confesso, sempre me mantive um pouco distante, mas sua coluna tem me levado para o caminho da reflexão e racionalidade.
Um abraço, parabéns e muito obrigado!
Realmente Adriano, o fato é que grande parte das pessoas não percebem o impacto causado nessas vidas ( e não me refiro apenas a fauna e flora), nesse encontro em que estive sobre matriz energética, contamos com a presença de um representante do MAB (movimento dos atingidos por barragens), e os relatos, as fotos de populações ribeirinhas que muitas vezes são iludidas, pois pensam que apesar do deslocamento do seu chão, ainda terão um teto para morarem, são lamentáveis. Muitos não conseguem, vão morar em casas de lona … e quando até obtém uma moradia, fica uma lacuna, pois sentem falta daquele que os acolhiam, sustentavam, o rio! Sem falar nos indígenas, que também são extremamente prejudicados, injusto, uma terra que sempre foi deles! Belo Monte é um exemplo do descaso em todos os aspectos socioambientais.
Abraço, e imagina eu quem agradeço pelo comentário!
Pois é minha linda ! Esse é no Brasil Varonil, onde as coisas são feitas sempre em prol dos poderosos e nunca em favorecimento dos menos favorecidos. Aqui na selva de pedra vc não pode cortar uma árvore cujas raizes estão rachando o muro e a calçada da sua casa e as paredes também. Em contra partida diarimente na Amazônia milhares de árvores são derrubadas nas ventas fedorentas do governo e ninguém toma as devidas providências, Como também as árvores que são mortas qdo da construção dessas usinas, as quais não sabemos se são repostas, ou se são, não estão divulgando, se estão divulgando desculpe a minha ignorância. Sem contar a destruição da fauna. Muito interessante sua abordagem sobre este assunto. Continue sempre assim. Um grande beijo.
Olá Gilson,
e não é mesmo? muitas vezes imaginamos que a natureza tem sido preservada por presenciarmos situações cotidianas, e a mídia mesmo nos faz pensar assim. Não deixa que ninguem veja com crítica as ações tomadas pelo governo, afinal fomos treinados assim desde a escola, aprendemos a mastigar e engolir, questionar jamais! Ao construir uma Usina, há um levantamento de impacto ambiental, e as espécies mais importantes animais e vegetais, são transportadas para uma reserva. Mas ao meu ver, isso apenas tenta minimizar uma destruição de grande relevância. Por mais que isso aconteça, sabemos que nada será como antes, na constituição natural, pois aquele ambiente tem suas particularidades e nem tudo poderá ser refeito em outro local, assim como nem todas as espécies serão deslocadas.
Muito Obrigada! Abraço!