Desde pequenininha, já ouvia vovó dizer: ” É… Hoje em dia tá tudo virado! Na minha época era assim: 6 meses de sol, 6 meses de chuva, época de plantar e de colher, tudo bem marcadinho! Agora, hunf!” Eu claro, que cá com meus excessos imaginativos de qualquer criança ficava a pensar… Como que isso poderia ser? Então todas as crianças haveriam de saber a data exata em que as confecções dos barquinhos de papel se iniciavam, para que estes fossem lançados nas enxurradas, e quando o tédio do cair ininterrupto das águas as tomassem, saberiam que no marcar das folhinhas do calendário, o sol estaria por vir, trazendo as brincadeiras nos parquinhos e uma liberdade sem fim. Bem, entremos num assunto de gente grande então. Natural é o mesmo que espontâneo, simples, desafetado… No Cerrado, encontramos características peculiares, que certamente o torna um bioma rico e exuberante. O fogo por exemplo, é um evento que ocorre naturalmente há cerca de 32.000 anos, e que quando acontece, vejam bem, naturalmente, é benéfico, pois através de certos mecanismos, as plantas rebrotam e ressurgem novamente. Outra característica marcante deste bioma, é a presença de duas estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. O que percebemos atualmente, é que alguns fatores, tem mudado esse quadro. A exploração inadequada, o desmatamento intensivo e indiscriminado para formação de carvorias ilegais por exemplo ( fator comum na nossa região e no estado do Goiás), práticas conservacionistas mal planejadas acabam por degradar o solo de tal forma, que os nutrientes ali presentes vão com o tempo, sendo esgotados. O solo se torna frágil, com baixa capacidade de regeneração ou produtividade, dessa maneira, as áreas ficam cada vez mais suscetíveis à processos de desertificação, que reduz a taxa de infiltração da água para o lençol freático. O processo de arenização, é o primeiro passo para a desertificação portanto a área deve passar por estudos e alternativas para sua recuperação. A necessidade de planos de manejo, é fundamental, e pode ocorrer no trabalho com produtores rurais por exemplo, mas o que fazer com atividades ilegais como as carvoarias? Fiscalização e controle são palavras de ordem nesse tão sofrido Cerrado de importância sem igual. Às vezes não dá pra acreditar que coisas assim aconteçam tão pertinho da gente, no nosso chão, nosso estimado Cerrado, que é uma espécie de guardião das águas, por possuir em sua extensão importantes bacias hidrográficas! É, é inacreditável. Sucumbimos à qualquer tipo de exploração, sem utilizar de programas para preservação ou uso sustentável, e depois nos perguntamos : Meu Deus, o que está acontecendo com o clima? Porque perdi toda a minha lavoura? As respostas sempre estão nas coisas mais simples, todo e qualquer dano causado à natureza, gera consequências que serão sentidas por nós. Sabem de uma coisa? Eu preferia estar naquela época em que a previsibilidade era possível, do que viver nessa inconstância de um clima louco que não tem piedade alguma; atualmente a falta de consciência é tão grande, que mesmo sabendo dos riscos o homem prefere obter lucratividade do que irá prejudicá-lo mais cedo ou mais tarde, a obter meios corretos. O natural não agride, o induzido sim! É vó, antes brincar do seu jeito, do que imaginar que estamos num deserto escaldante sem uma arvorezinha sequer para nos refrescar.
Danielle Rezende
Danielle, nossa situação realmente é muito preocupante, essa inconstância, penso eu, é fruto do que fazemos com “nossa mãe terra” (como diz Leonardo Boff).
Se não cuidarmos do nosso meio ambiente, estaremos fadados a, cada dia mais, sentirmos na pele as consequências dos nossos atos.
A fotografia colocada chama a atenção para um costume de nossa região (norte e noroeste de minas): destruição das matas para transformar em carvão.
Parabéns pelos textos e contextos, você chama a atenção para um ponto muito importante.
Oi Adriano!
Que bacana você ter citado Leonardo Boff, já li algumas coisas a respeito dele e quero ler mais ainda sobre ecologia social, ouvi dizer que é muito interessante. Concordo com tudo que você disse. O desrespeito pela nossa mãe terra, está indo longe demais, gerando muitas consequências negativas. Acredito que discutir mais sobre tais assuntos, gera curiosidade e de certa forma conscientiza muita gente. Ao ler os comentários deixados nesse cantinho, fico feliz por saber que tem gente que se preocupa!
Muito obrigada!
Oi Danielle, obrigado a você, também fiquei muito feliz quando vi sua precupação aqui nesse espaço.
Não sei se já conhece, mas já que se interessou, te indico o blog do Leonardo Boff: http://leonardoboff.wordpress.com/
Um abração!
Ai que legal! Valeu pela indicação, não conhecia ainda… ótima referência. Obrigada!