Para você meu lindo amigo.
Renasci de muitas saudades. Mas nascer eu nasci de você, por você, por mim. Por você porque preciso de me enrolar, de me enroscar no teu corpo. Se amar você apressa o meu fim, bendito seja o meu nascimento. Gosto de falar seu nome para que o vento venha e tente levá-lo. Eu alço voo e o pego no ar. Levar seu nome é levar você. Brinco apenas para lhe provocar, para que chegue mais perto e me abrace e olhe dentro dos meus olhos a pedir beijos. Mas corro do seu olhar, não consigo encontrá-lo, encará-lo. A profundidade do seu olhar me retorna a uma paisagem, à minha existência toda, às minhas mortes, ao meu nascimento, parto novo de um esperma seu. Não fico à vontade quando fixa seu olhar no meu, receio que chegue perto da minha fragilidade, antecipo os beijos e subo em seu corpo.
Estou usando a desculpa da ficção para não responsabilizar-me pelas minhas palavras. Mas você sabe quem eu sou, o que sou: invento-me, falsifico-me, mas no meu teatro, na minha peça você não paga ingresso; você não vai, já me decorou, me conhece de cor. Fico tão perfeita nas máscaras que uso que se eu não me conhecesse eu já seria uma paixão de mim. Marco encontros comigo e nunca vou. Prá que me decepcionar se eu não posso me livrar de mim?
Mas é fácil perdoar um escritor – ele inverte os papéis, sabe articular, mas não é diferente daquele que não sabe usar as palavras. Apenas constrói personagens que cabem dentro de suas culpas.
Escrever não me exime das culpas. Desculpe-me por pensar que só o imaginar, o inventar, o fazer literatura é suficiente; não, não é; numa noite saio dela, posso perder minha capacidade inventiva, minha capacidade de criar e não houver nenhum leitor para me confortar e ser somente o que vivi: o pão envelhecido, mofado pelo tempo.
Então atravessarei o mundo para encontrá-lo. Entrelaçarei minhas mãos às suas e sem as máscaras da existência me transformarei em mim. Serei verdadeira, sem personagens.
Tentei inventá-lo, mas o descobri. Descobri que preciso de você por mais uma vida, preciso de você para outras vidas e quero vivê-las com você ao meu lado, de mãos dadas, sendo, não inventando.
Alda Alves Barbosa
Boa noite,
Gostei muito do texto depois do poema. Me identifiquei com ele. Fiz quase como está no conto e quero viver quantas vidas eu tiver com a pessoa que amo. Obrigado, desculpe o jeito de escrever, leio tudo seu, mas comentar não tinha coragem.
Arnaldo, obrigada por retornar ao meu site. Fico feliz quando as pessoas que visitam o “nosso” site, encontra matérias que as remetem ao contexto de suas vidas. É realmente um texto poético que não só poetiza, mas que nos leva a refletir na necessidade do amparo, da presença do outro em nossas vidas. “Quando não houver leitores… Na realidade escrevi pensando que não devemos focar nosso amor apenas em uma direção, mas em várias, porque com o tempo, o desamor faz a substituição, que não é regra, mas acontece e muito, e nós podemos ir para aquela direção onde o amor continua nos amando, nos compreendendo, nos acolhendo, enfim, temos para onde voltar. Um grande abraço, Alda
Minha linda seu carinho por mim é coisa que não tem preço. Se eu sair do mundo virtual e me apaixonar verdadeiramente por você você será a culpada de tudo isso por causa das suas provocações. Espero que nossa amizade solidifique cada vez mais. Muitos beijos…
Meu lindo, não o provoco, você gosta do que eu escrevo, e me sinto muito feliz por você gostar. Se quiser mudar de rumo, de mundo, será bem-vindo, o cerrado lhe espera com os braços do Cristo Redentor, abertos para o aconhego. Neste mundo de relacionamentos tão efêmeros, transitórios, espero que nossa amizade seja exceção em meio ao caos das convivências.
Que a eternidade seja o nosso tempo. Com muito carinho, beijos, Alda